quinta-feira, 17 de junho de 2010

A minha Thata

“Há flores de cores concentradas. Ondas queimam rochas com seu sal. Vibrações do sol no pó da estrada. Muita coisa, quase nada. Cataclismas, carnaval. Há muitos planetas habitados e o vazio da imensidão do céu. Bem e mal e boca e mel e essa voz que Deus me deu, mas nada é igual a ela e eu.” (Caetano Veloso)
Da nossa sábia particular: “certos acordes são nossos, esses eu sei de cor”:

Entre as gírias gays há uma que gostaria de destacar hoje: tata. O termo refere-se à mulher que possui um melhor amigo gay.



Ela, por coincidência, ironia do destino ou predestinação, tem como inicial do seu nome a sílaba Tha. Não importa, o fato é que sou seu amigo e ela, minha Thata, me intriga demais.

A gente nunca sabe como nasce uma amizade. Costuma-se dizer que amigos são os irmãos que escolhemos, eu prefiro crer que são os que descobrimos. Nunca temos certeza sobre o quanto alguém é nosso amigo até que chegue aquele momento crucial da nossa vida em que temos que escolher em seguir ou parar e foi nesse momento que ela me deu sua mão e disse “eu vou
contigo” mesmo sem saber para onde eu ia. Ela simplesmente sabia que eu deveria ir e se dispôs a me acompanhar.


Lembro ainda hoje do dia em que a conheci. Confesso que não fui muito com a cara dela no primeiro instante. Caminhamos muito até chegar na bifurcação da minha vida. Sempre juntos, mas sem os braços dados, na maior parte do tempo. Lembro que vi aquela menina com olhos de mar – não por serem verdes, mas por serem misteriosos – e logo desviei o olhar.


O tempo foi passando. Algumas conversas. Alguns passeios. Muitos amigos em comum. Alguns goles compartilhados por aí. Foi em um desses que tudo definitivamente começou. Lembro desse dia. Um bar. Algumas cervejas. Alguns amigos e um papo daqueles. Depois um Jogo da Verdade. Ela, sempre curiosa, decidiu que era a hora de me fazer as perguntas que nunca pudera fazer e das quais eu sempre fugi.


Todas as minhas respostas foram “Sim”. Depois mais alguns papos no MSN e outros sins. Mais segredos trocados e eu, sempre tão fechado no universo ao meu redor, a incluí entre as minhas coisas. Muitas outras perguntas vieram e depois inúmeras confissões espontâneas de ambas as partes. Até que no momento crucial, quando eu diria o maior de todos os “sins”, recebo dela um singelo SMS com os dizeres: “me orgulho muito de você!”.


Todas as dúvidas se dissiparam. A insegurança saiu pela porta. E a certeza que nunca mais estaria sozinho comigo mesmo se instalou. Aos poucos ela me incluiu no seu também sempre tão fechado infinito particular e as afinidades, mais que isso, as cumplicidades, se revelaram acima de todas as coisas.


Os mesmos sonhos, desejos, vontades, fetiches, futilidades. Os mesmos sentimentos dos outros por nós, por vezes, por tabela, só pela amizade. A mesma forma de ver e querer o mundo. E o desejo sobre-humano de ter o outro para si, só para si.

Eu ainda caio, às vezes, mas ela está lá, sempre forte para me carregar em seus braços delicados. Os mesmos com os quais faz tremular suas longas saias enquanto danço ao seu redor, como um planeta atraído por sua estrela. Se ela cai, eu levanto, mesmo sem forças, só para vê-la sorrir exageradamente, arrancando de mim riso pelo seu sorriso.


Eu a escolhi para pô-la no meu altar particular. Nela não ouso tocar, nem ofender, nem desatender e ai de quem o fizer. Sou conveniente e conivente a ela. Fecho meus olhos e ouvidos para as críticas que fazem dela e nunca vi seus defeitos, acho até que ela não os tem, pelo menos gosto de pensar assim. Quando penso no meu futuro, sempre a vejo, ainda que não vislumbre nada além ou mais ninguém.

Só para ela ouso mostrar todas as minhas nuances sem o menor pudor. Na frente de quem mais eu me sentiria seguro e dançaria em cima de uma mesa de sinuca? Para quem mais eu diria o quanto é gostosa “a paisagem” do shopping? Para quem mais eu faria minhas piadinhas preconceituosas ou teria coragem de dizer os maiores absurdos na certeza de receber em troca nunca uma critica, mas sempre um sorriso de cumplicidade?

Não, o que sinto por ela não é amizade. Não, ela não é minha amiga. Ela é o meu amor. Minha parceira, cúmplice, companheira, comparsa. Minha Thamirys. Há três anos. Os mais felizes e frenéticos que já vivi. Eu te amo você. Meu mundo você é quem faz. Obrigado por segurar sempre a minha mão. Que mais três vidas venham para nós.

2 comentários:

Thamirys D'Eça disse...

A resposta que foi dada antes mesmo da pergunta: http://lapisebatom.blogspot.com/2010/06/este-homem-e-meu.html

hehe

Amor, eu amo você.

Jock Dean disse...

Thamirys, você precisa de um homem pra chamar de seu mesmo que esse homem seja eu. hehehe

Postar um comentário