segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um olhar sobre a Parada Gay

Aconteceu ontem em São Paulo (SP) a 14ª Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Travestis e Transexuais). Este ano a Parada teve como tema “Vote contra a Homofobia: defenda a Cidadania!”. A manifestação reuniu 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista e pregou o voto contra a homofobia. Ao longo do evento, encerrado por volta das 20h30, o repúdio a políticos que são contra os gays se misturou à onda dos que foram à Avenida Paulista e ao centro para badalar, beijar, ver e ser visto.



A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é um evento de orgulho gay que acontece desde 1997 na Avenida Paulista. Segundo o Guiness Book, a sua edição de 2006 foi considerada a maior parada gay do mundo, baseado em estimativas feitas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, que contabilizou 2,5 milhões de participantes.


Segundo a organização do evento, já em 2004 ela passou a ser a maior marcha deste tipo no mundo. O evento conta com a participação de LGBTs, simpatizantes e pessoas curiosas passando no local. A principal reivindicação contida no evento tem sido o combate à homofobia - tema recorrente desde 2006.

Segundo a SPTuris (empresa estatal de turismo do município de São Paulo), a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é o evento que atrai mais turistas à cidade, e em todo o país só fica atrás do Carnaval do Rio quando se consideram os turistas internacionais. Pelo menos 400 mil pessoas vêm de todo o Brasil e do exterior. A estimativa é de que o evento cor-de-rosa gere uma receita de até R$ 200 milhões.


Aquendação - Em ano eleitoral, os organizadores da marcha alertaram para a responsabilidade da população na hora de votar. A orientação é que escolham candidatos que defendam políticas públicas a favor da diversidade sexual. Para falar sobre política e homofobia, a organização da parada trocou o colorido do conhecido arco-íris, símbolo das manifestações LGBT, para a predominância das cores preta e branca, em alusão à violência sofrida cotidianamente pelos gays no Brasil. Só no ano passado, 189 homossexuais foram assassinados no país, uma média de um a cada dois dias.


E estima-se que de cada quatro brasileiros, um seja assumidamente homofóbico, aliás, a sociedade brasileira tem muito menos constrangimento em assumir a homofobia que a homossexualidade. Isso se dá por que há uma falta de crítica da sociedade em relação a esse comportamento. Mesmo entre os gays há o que se conhece como “preconceito de classe” e isso também precisa ser combatido e discutido em eventos como a “Parada Paulista”.


Causar - Apesar do tom político do evento, são poucas as pessoas que comparecem à marcha “pela causa”. A maioria dos que estavam por lá tinha o objetivo de se jogar, dançar, beijar. E beijar muito. Havia até quem dava bitocas só para chamar atenção, aparecer em fotos - e não estava nem aí para as pretensões políticas do evento.


Apesar de achar que os homossexuais precisam se impor e não se expor ante a sociedade, esse tipo de comportamento acaba obrigando-a a vê-los, mas lamento que não passe disso. A maioria dos “anti-gays” se limitam a ver-nos e não se dão ao trabalho de refletirem sobre nosso cotidiano.


A distribuição de itens como camisinhas e gel lubrificante é duramente criticada sob a alegação que isto incentiva a promiscuidade no dia-a-dia dos homossexuais. Mas por que não lembrar no Brasil a maior incidência de AIDS está entre os gays jovens com os quais falar sobre sexualidade é ainda mais difícil do que entre os heterossexuais, pois eles sofrem preconceito na escola e, muitas vezes, na família. Isso faz com que baixem a guarda na hora de se prevenir, o que os deixa mais vulneráveis ao HIV.


Vista por alguns com um tiro no pé do Movimento LGBT e por outros como “uma gaiola das loucas”, o evento contribui, sobretudo, para a auto-afirmação dos cidadãos homossexuais. E este é o primeiro passo para a auto-aceitação e posterior busca pelos seus direitos.

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