sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Olhos felizes

Depois de trazer uma nova proposta para a MPB, Marina mostra-se feliz ao seu público em seu novo álbum, falando de amor, paixãoes, sexo, auto-determinação.
Acompanhe toda a série Especial Marina Lima.

“Vem cá, amor, me dá um beijo. Pra mim o seu olhar tem ondas feito o mar.” Foi com esses versos que Marina convidou a todos para ouvirem Olhos Felizes, seu segundo álbum, lançado em 1980. Estamos enfim na década de 1980 quando a música pop brasileira irá se sagrar assim como o rock Brasil e Marina será figura de destaque em ambos, aliás, vai ser nesse período que Marina viverá o ápice do seu sucesso.

Após uma boa estréia com o álbum Simples como Fogo, a cantora deixou a gravadora WEA e se transferiu para a Ariola, que hoje faz parte do catálogo da Universal Music. Com grande parte das canções compostas por Marina e seu irmão Antonio Cícero foi com esse álbum que Marina teve seu primeiro sucesso com repercussão nacional: “Nosso estranho amor”. Um dueto com Caetano Veloso, que também compôs a canção. Considerado pela cantora um álbum linear em termos de sonoridade, Olhos felizes é um de seus trabalhos mais agradáveis. Romântico, positivo e feliz.

O rosto de Marina totalmente impresso ocupando toda a capa do LP com um sorriso tímido, porém revelador de uma felicidade enorme. Esse é o clima do álbum que já fica escancarado na primeira canção, “Olhos felizes”: eu gosto de olhar o mundo, não ligo pro que dizem, meus olhos são felizes, diz Marina na canção. Marina está feliz, de bem consigo e consequentemente vê as coisas de uma forma mais positiva. Até o arranjo da música traduz isso. Um sambinha extremamente compassado e dançante.

A canção seguinte, meio rock, em parceria com Caetano Veloso, “Nosso estranho amor ” fala de alguém que quer apenas que seu amor seja aceito pelo outro e não quer grandes coisas em troca. Estado que só se alcança quando se está bem-resolvido na vida sentimental: feliz. Em “Só você”, uma canção solar, ela se declara que vive apenas para um ser e em “Rastros de luz” ela está ainda mais apaixonada. A ponto de se entregar por caminhos lascivos para chamar a atenção daquele que sequer a vê e que ainda assim ela se mantém muito por perto, uma forma primária de cantar o altar no escuro, talvez.

Mas não amor sem dor e nem amor que se esqueça. Em “O amor que eu não esqueço” Marina está lamentando a perda desse amor. A dúvida do que levou ao fim, os choros da madrugada e o desejo da volta, está tudo nessa balada feita para se dançar de rosto colado. Mas quem disse que, apesar disso, não se pode ter uma “Doce vida” e se viver feliz, livre, poder fazer o que quiser, independente das situações? É esse o recado dessa canção composta por Rita Lee.

Bem, estando-se feliz, está-se bem com o corpo e mente, assim ficamos ainda mais sedutores. A voz rouca e sexy de Marina dá o tom perfeito para a sedutora “Seu sabão” e as delícias da entrega total do amor à luxúria. Assim não como não ficar com os “Corações a mil”, cheios de vontade de se apaixonar e com vontade de abraçar o universo todo, como cantou Marina a música do Gilberto Gil.

Depois da tempestade dos corações pulsantes, vem a calmaria do velar a pessoa amada e de pensar serenamente que o amor só é infinito enquanto dura e enquanto “Meu menino dorme”. Afinal, é assim que ficamos “Às vezes com quem amo”. Sentimos amor e às vezes raiva, queremos perto e às vezes distante, afinal a vida não passa das ondas do amor.

O álbum que começa alegre vai acalmando-se progressivamente até encerra-se com essa bela canção cuja letra é a tradução do poema “Sometimes with the one I love” de Walt Whitman feita pelo Cícero.

Aqui me marcam muito as canções “Nosso estranho amor”, pois é assim que eu me senti na maioria as vezes, apenas querendo que o meu amor fosse recebido, nada mais, e “Olhos felizes”, pois é assim que tenho aprendido a me manter.

Apesar do sucesso de “Nosso estranho amor” nas rádios brasileiras, Marina não ficou satisfeita com o resultado final de “Olhos Felizes”. Ela buscava, não apenas uma identidade que já transparecia em suas canções autorais, mas uma assinatura ímpar na sonoridade de seu trabalho. Mas esse é assunto para o próximo post, enquanto isso ouça algumas músicas desse segundo trabalho da Marina.

Olhos Felizes


Nosso estranho amor

2 comentários:

Elaine Gaspareto disse...

Olá!
Muito obrigada pela visita.
Sim, pode repostar o texto.
Apenas peço que,se possível, dê o link.
Bom dia!

Jock Dean disse...

Elaine, ainda não postei o texto porque estou esperando uma melhor oportunidade e não se preocupe, sempre dou os créditos e os links dos textos que reposto aqui.

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