segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ponto de referência

Sabe quando você, por exemplo, diz que o consultório fica ao lado do posto de gasolina ou em frente ao shopping ou detrás da rua do Bob’s? Pois é. Você está usando um ponto de referência para facilitar, para alguém, a localização de algo. Não, essa explicação não é por que eu duvido da sua inteligência, causativo leitor. Esse intróito todo é só para ilustrar o post de hoje, afinal, levante a mão (não, não é pra dançar Single Ladie, bee. rs) o gay cuja sexualidade nunca foi usada como cartão de visitas.

É incrível. Você pode ser alto, baixo, gordo, magro, sério, hilário-espirituoso, branco, negro, nada disso interessa ou faz diferença quando você é gay, pois é apenas isso que você será o resto da vida: GAY!

As pessoas não dizem “sabe o Jock, jornalista”, mas “sabe Jock, um que é gay” ou “Jock, o filho gay da dona Elza” ou “Jock, o gay amigo do Jefferson” e afins. Isso quando dizem gay, pois na maioria das vezes dizem é viado mesmo. Como quando o chefe que vira pra secretária e diz "Chama lá aquele viado". E eu me pergunto por quê? Aliás, eu me pergunto porque que o fato de eu ser gay precisa fazer tanta diferença assim e tem que ser ressaltado a todo instante.

Não estou querendo dizer que me incomoda o fato de ser apontado na rua como gay. Eu não tenho qualquer tipo de problema com a minha sexualidade. O problema é que fazem isso de forma pejorativa. Com um sorriso de escárnio na boca e com um gestinho estereotipado e aquela vozinha afetada para tirar sarro.

Nunca ouvi ninguém falar, por exemplo, “olha o João, o hétero irmão do José ta te chamando”. Daqui a pouco terei que me apresentar às pessoas da seguinte forma: “Meu nome é Jock Dean, tenho 22 anos, sou jornalista e GAY.”

Que nome dou para isso? IDIOTICE. Estou sem nenhuma paciência para esse tipo de atitude nos últimos tempos e esse é apenas o primeiro de vários outros textos que escreverei para dar vazão à minha revolta. Por que eu tenho que ser tolerante com quem não é tolerante comigo? Desculpe, mas não estou/sou humilde o suficiente para oferecer a outra face.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Jock, dias atras em uma conversa após o almoço, eu, minha esposa, minha irmã e meu cunhado apareceu do nada o tema minha irmã fez referencia à uma pessoa usando um termo bem  pejorativo, falou "a o rapaz da loja de informática o meio viadinho", por mim eu teria deixado ela falar tudo o que pensava a respeito, mas minha esposa não conseguiu nem terminar de ouvir e já foi interrompendo a conversa dela, e em seguida começamos a mostrar um outro lado, fiz ela sentir na pele o preconceito burro que existe nas pessoas, minha irmã foi casada e se divorciou, usei isso como exemplo e disse a ela "e se as pessoas começassem e te ver como a divorciada ou simplesmente a ex-mulher de ..." ela ia perder a referencia dela como pessoa e iam julga-la ou trata-la de forma que virasse algo com mais importância que ela mesma, aí ela conseguiu ver o quão idiota era o pensamento que tinha, porque não adianta só eu não ter preconceito, se alguém fala algo preconceituoso e eu fico quieto, de alguma maneira estou concordando e reforçando o que estão dizendo, tento inverter os papeis e colocar o agressor no lugar do agredido, sendo as vezes ate um pouco rude, usando coisas que sei que a pessoa não gosta nela mesma como base para o exemplo, para os que pensam um pouco funciona e muito bem já para os idiotas, burros ou sei lá o "adjetivo" para qualificar indivíduos sem capacidade de raciocínio, não adianta quase nada ao menos uma meia dúzia de palavras bem ditas ouvem, e isso eu faço não porque meu cunhado, meu primo e o meu melhor amigo é gay não, o faço simplesmente por achar errado e é o que eu gostaria que fizessem por mim se o gay fosse eu. Desculpa o tamanho do comentário e as palavras um pouco grossas, pois isso me tira um pouco do serio e há momentos que eu esqueço a educação sei lá onde e perco um pouco o controle, um grande abraço. Fernando   

Jock Dean disse...

Olá, Fernando. Obrigado por compartilhar conosco sua experiência. Não se desculpe pelo tamanho do comentário ou rudeza dos termos. O mais importante é que você, independente de qualquer coisa, percebe que atitudes como essa, com relação a qualquer tema, são cruéis. As pessoas não se colocam no lugar do outro antes de dizer ou fazer algo. Apontam, zombam e acham que são o máximo por isso, mas não percebem que preconceito é algo que se manifesta de todas as formas possíveis. Se chamo alguém de gordo, magrelo, branquelo, separada ou qualquer outro termo de forma perjorativa, estou sendo preconceituoso. Todos somos vítimas de algum tipo de discriminação, o que difere é que alguns grupos sofrem mais com isso. Se todo mundo visse dessa forma, deixariam de agir como inconsequentes. Abraços.

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