terça-feira, 16 de agosto de 2011

Câmara de São Luís retira da pauta projeto que concedia título de cidadão a Malafaia

A Mesa Diretora da Câmara Municipal decidiu retirar de pauta o projeto de Lei, de autoria da vereadora Rose Sales (PCdoB), que concede título de cidadão de São Luís ao pastor Silas Malafaia. A Casa entendeu que a Resolução que estabelece as regras para concessão da honraria não prevê títulos a quem não more em São Luís por, pelo menos, cinco anos.

A estratégia de Rose Sales era agraciar Malafaia durante sua passagem por São Luís, prevista para este fim de semana, no Aterro do Bacanga. Por isso ela apresentou o projeto ainda no mês passado.

O arquivamento é uma vitória do vereador Ivaldo Rodrigues (PDT), chamado de “vagabundo” e “bandido” pelo pastor, segundo comentários das redes sociais, ontem. Durante a discussão do título, mês passado, Rodrigues acusou Malafaia de ser homofóbico ao atacar violentamente os homossexuais em suas pregações. E decidiu pedir vistas do projeto, que até hoje não retornou à pauta.

O problema é que os crentes morderam a isca e partiram para agressão contra o vereador – a mesma agressão da qual o pastor é acusado. O contra-ataque evangélico gerou ainda mais antipatia em relação a Silas Malafaia. Que, ao invés de cidadão, pode agora, ser considerado persona non grata na capital maranhense.

Do blog do Marco Aurélio D'Eça

Leia mais sobre o assunto no Blog do Gilberto Léda

Nota do blogayro:

Bem, o fato é que existem sim na bíblia trechos que condenam a homossexualidade masculina. Não sou nenhum idiota em negá-lo. Mas, desde minha época de catequista, sempre achei que fé sem razão é fideísmo, então, vamos somar dois e dois?
Em Levíticos os versículos 18:22 e 20:13 dizem que o sexo entre dois homens é abominável. Analisando o livro, podemos afirmar que ele trata-se do Código Civil e Penal dos Hebreus, sendo um livro de hábitos e costumes e da regulamentação em vigor naquele tempo. O que eu me pergunto é por que esses dois específicos versículos ainda hoje são apontados como verdades incontestáveis enquanto outros foram esquecidos por serem apenas costumes da época, pois que eu me lembre em Lev 11:10 é considerado pecado comer mariscos.
Outras duas menções bíblicas sobre o pecado da homossexualidade acontecem em Romanos (1:18-32) e I Coríntios (6: 9-10). Vamos somar dois mais dois novamente? Esses dois livros tratam-se de Epístolas, ou seja, cartas de Paulo às igrejas nascentes em Roma e Grécia. Só pra registrar, Paulo era Judeu, nascido e criado sob as leis Mosaicas, as mesmas de todo o Antigo Testamento onde está Levítico.
A Igreja que nascia em Roma e Grécia nascia numa cultura onde a homossexualidade não só era tolerada, mas vista como a mais perfeita manifestação de amor. Para os gregos antigos, o amor só era possível entre iguais e o sexo heterossexual era para reprodução. Em seus textos Paulo ataca a cultura greco-romana que ele acreditava ser um empecilho ao crescimento da nova fé
O que cabe perguntar aqui é quem escolheu as partes que seriam tomadas como Lei e quais seriam relegadas ao esquecimento, como simples costumes da época? Quem definiu que partes da carta de Paulo eram verdades e que partes eram meras opiniões pessoais. Deus? Cristo? Ou os homens de diversas religiões?
Por fim, ainda sem esgotar o assunto, se você não notou, eu já fui uma pessoa extremamente católica e nunca notei isso em meus estudos da bíblia, não existe nenhuma passagem no Novo Testamento onde Cristo se pronuncie sobre a homossexualidade. Não existem parábolas, nem sermões. Nada.
Logo, a religiosidade não pode ser usada como subterfúgio para a pregação da intolerância, incluindo a homofobia, coisa que o pastor Malafaia faz todos os dias. Em todo caso, analisando a questão sob uma ótica meramente política, se ele tivesse efeito grandes obras pela cidade que justificassem a concessão do título, embora a contra-gosto, eu entenderia, mas como já disse em outra oportunidade, usar de prerrogativas políticas para fazer proselitismo religioso é, no mínimo, vergonhoso, senhora Rose Sales.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Câmara de Vereadores pode conceder título de cidadão de São Luís a Silas Malafaia

Enquanto a Câmara de Vereadores de São Paulo aprova o Dia do Orgulho Hétero, aqui em São Luís a vereadora Rose Sales (PCdoB) pôs em votação hoje (02 de agosto) o projeto de Decreto Legislativo 010, de sua autoria, que concede Título de Cidadão de São Luís ao pastor Silas Malafaia. O motivo dessa homenagem? Simples! Assim como Malafaia, Rose Sales é evangélica.

Silas Malafaia chega a São Luís no dia 19 deste mês onde realizará encontros religiosos da “Cruzada Evangelística Vida Vitoriosa Para Você”, nos dias 20 e 21, no Aterro do Bacanga e a vereadora quer aproveitar o ensejo para homenagear o pastor.

Líder da Igreja Assembléia de Deus – Vitória em Cristo, Malafaia é conhecido nacionalmente por suas manifestações através de textos e vídeos em se posiciona violentamente contra a homossexualidade.

Em junho de 2008, liderou uma manifestação diante do Congresso Nacional, contra o projeto de Lei 122/2006, que se aprovado criminalizaria a homofobia, afirmando que “o projeto não protege os direitos dos homossexuais, mas sim lhes dá privilégios, pois suas condutas não poderiam mais ser criticadas ou desestimuladas”, além de se referir ao projeto como “a primeira porta para a pedofilia."

Malafaia já afirmou diversas vezes que os LGBT estão condenados ao inferno, já espalhou outdoors pelas ruas do Rio de Janeiro pregando a discriminação por orientação sexual, além de ter feito uma série de outros atentados verbais contra gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

A autora do projeto, Rose Sales
O projeto de Rose Sales foi posto em votação na sessão dessa terça-feira pela vereadora, mas teve sua apreciação adiada por 72h por causa de um pedido de vistas do vereador Ivaldo Rodrigues (PDT) que afirmou que a concessão desse título ao pastor Silas Malafaia “é um total desrespeito à dignidade humana, já que o evangélico tem discriminado a condição sexual dos grupos de homossexuais em suas pregações midiáticas”.

Rose Sales justificou a concessão do título afirmando que é serva do senhor e que até Cristo livrou uma prostituta (Maria Madalena) de ser apedrejada. Ela alegou que o evangélico Silas Malafaia não é homofóbico.

Os grupos de defesa dos direitos da população LGBT que atuam na região metropolitana de São Luís, Gayvota, Lema, Solidariedade Lilás, além de representantes de profissionais do sexo, Aprosma e Tebas, acompanharam a sessão, protestando contra a proposta da vereadora que foi vaiada pelos manifestantes.


Vereador Ivaldo Rodrigues (PDT)

O vereador Chico Viana (PSDB) também se posicionou contra o projeto “pela condição de discriminação à condição sexual da pessoa humana, sempre manifestada pelo pastor Silas Malafaia” e lembrou que recentemente foi aprovado na Câmara Municipal, um projeto de lei, de sua autoria, que impede a discriminação sexual nas instituições públicas e privadas do município de São Luís.

O projeto de Decreto Legislativo deve voltar para apreciação e votação em plenário, na próxima semana. Os grupos LGBT prometem voltar ao Legislativo para se manifestar contra a iniciativa da vereadora Rose Sales e impedir a aprovação do decreto.

Bem, independente de eu ser gay, acho que a concessão desse tipo de honraria deve ser feito levando em consideração o bom senso. Primeiro, a vereadora foi clara ao afirmar que propôs o projeto por ser evangélica. Será se ela não sabe que, segundo a Constituição, o Brasil é um país laico e que, por isso, questões religiosas e pessoais não podem se sobrepor ao respeito que nossos representantes devem à Constituição?

Segundo, porque promover uma pessoa que não faz outra coisa além de incentivar o ódio, a intolerância, a discriminação, o desrespeito aos cidadãos só por eles terem um comportamento diferente do seu?

Terceiro, o que Malafaia fez pela população ludovicense? O vereador Francisco Carvalho (PSL) não poderia dar justificativa mais contundente, sensata, imparcial e em harmonia com nossa Constituição: “sou contra a concessão dessa comenda a quem não seja maranhense e quem nunca tenha prestado serviços relevantes ao povo de São Luís”. Precisa dizer mais, Rose Sales?

Espero que os três vereadores consigam manter a coerência do debate na próxima semana e impedir que esse projeto seja aprovado.

Com informações do Blog do Mário Carvalho.