sábado, 29 de outubro de 2011

Involução

Os estudos mais modernos sobre a evolução humana apontam que os seres humanos ramificaram-se de seu ancestral comum com os chimpanzés - o único outro hominins vivo - entre 5 e 7 milhões anos atrás. Um pouco depois, há cerca de 2,4 milhões de anos surgia na África o primeiro hominídeo, o Australopiteco. A partir daí diversas espécies do gênero Homo evoluíram, estando agora extintas. A única exceção é o H. sapiens que deu seus primeiros passos na Terra por volta de 200 mil anos atrás, período desde o qual nós estamos por aqui.

O fato é que foram necessários milhões de anos para que a humanidade desenvolvesse sua capacidade mental e senso moral até chegar ao nível atual. Mas observando de perto esses seres que evoluíram até chegarem ao topo da cadeia, parece que estamos fazendo o caminho de volta, retornando para as cavernas, mas as da intelectualidade. Ou então estamos vivendo uma epidemia de privação intelectual.

Só isso para explicar essa cegueira coletiva com relação ao óbvio. Essas mal traçadas linhas foram motivadas pela notícia de que o pastor-parlamentar Marcos Feliciano do PSC-SP quer levar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo a plebiscito, o que em bom português significa dizer que os outros é que irão decidir se eu posso ou não casar. O pior é que por mais otimista que eu seja, se esse absurdo acontecesse, o provável resultado é que a vitória seria do “povo de Deus”, afinal o voto é secreto. Existe melhor situação para deixar claro o que de fato se pensa?

Somar 2 e 2 é algo tão simplório, tão fácil, tão óbvio, então por que não fazemos isso além da matemática, na vida em sociedade? Qual a dificuldade em parar para pensar o seguinte: “João quer casar com José, em que minha vida será afetada caso isso aconteça? Em nada”. Fácil, não é? Sim, é muito fácil, mas parece que as pessoas gostam é da dificuldade, do transtorno, do desentendimento.

Então por que Marcos Feliciano se incomoda tanto com isso? Ah, é por que é pecado, NE? Mas peraí, João e José não se casarão na igreja, eles assinarão um documento diante de um juiz. Então, fiquem tranquilos, meus nobres censores de Cristo, ninguém quer promover a oficialização do pecado.

Daí que outro dia vieram me dizer que o homossexualismo (sic) prejudica sim a vida de quem não é porque há muitos homens casados que traem suas esposas com outros homens. Bem, eu nunca obriguei ninguém a transar comigo. Além disso, levando em consideração que as pessoas são bi, homo e heterossexuais, se um homem transa com outro é porque ele é, “no mínimo”, um bissexual reprimido.

Então vamos usar o mesmo princípio do 2 e 2 e pensar. Se a família, a igreja, a sociedade não tivessem oprimido seu marido e o obrigado a seguir um modelo de vida heterossexual, a senhora não teria casado com um habitante do armário e não ficaria com medo que algum dos meus fossem lá e o “corrompessem”, certo? Da mesma forma a senhora poderia escolar por si mesma não se casar com um homem que não fosse hétero, não é mesmo? Então, eu também só quero poder escolher.

1 comentários:

Marfim Mosac disse...

Sempre passo aqui pra ver/ler um pouco de lucidez.

Obrigado por mais esta contribuição ao mundo Jock Dear!

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