domingo, 24 de julho de 2011

Eu te amo. Simples.

"Eu vou respeitar como alguém que apaga a luz, mas tem seu altar no escuro"

Quando sabemos que é amor? Quando sabemos que amamos? Quando sabemos que amamos alguém de verdade? Eu sempre me perguntei isso. A vida toda. Mais que simplesmente me perguntar, eu procurei isso a vida toda.

Um amor que resistisse a todas as tempestades, que pudesse ser cantado em uma balada da Barbra, mas achei apenas os que poderiam ser descritos em algum verso do mal do século. E não raros eram os momentos de dor e desesperança. Por que lutar se é tão mais fácil desistir? E a vida a insistir, e o coração a persistir na vontade voraz de ter alguém por quem bater.

Desde cedo somos ensinados que é impossível ser feliz sozinho e acreditamos nisso. Então começamos a caminhada em busca desse alguém que nos fará feliz quando, na verdade, apenas nós temos esse poder. E quando enfim (achamos que) aprendemos isso vem alguém.

Alguém que sequer percebemos quando se aproxima. Alguém que diz “oi” e recebe um mero “oi” de volta. E depois outros “ois” e alguns “bom dia”, “como você está?”, “fale-me de você” e o que era uma mera conversa educada torna-se um papo necessário, diário. Quando percebemos, estamos de volta ao início.

Uma música que lhe parece, um sorriso no meio do dia pela lembrança de alguma bobagem da última conversa, uma mensagem que demora a chegar, uma ligação que se reluta em fazer, a dúvida sobre o que se sente, sobre a reciprocidade desse sentimento e o medo da negativa.

E com a continuidade do contato vem uma lágrima pelo “não” quando dizemos “sim”, a angústia pela distância que se decide criar na tentativa infeliz de esquecer, a felicidade de voltar a dizer “oi” na esperança de quem sabe as coisas podem mudar, o conforto da proximidade e cumplicidade cada vez maior, a certeza da existência do amor recíproco, a resistência de aceitar a diferença entre os amores cultivados...

Algumas vezes o amor nos torna egoísta. Queremos a pessoa para nós, queremos que o amor dela seja nosso e que nós sejamos os únicos a dar o amor que ela necessita. Mas às vezes amamos tanto uma pessoa que esse sentimento entra em catarse e o único desejo que possuímos é de, pelo menos, poder observá-la, ainda que de longe. É quando somos capazes de deixá-la ir, conhecer outros amores. É quando temos a certeza que nunca será possível dar a ela o amor que gostaríamos. É quando queremos que ela seja feliz, mesmo que não seja conosco, e ainda assim somos felizes juntos. É quando sabemos que amamos, de verdade.


“Eu te amo. Simples. Como disse antes, eu percebi que te amaria mesmo que você não me amasse com ou sem "também". Quando eu decidi q não falaria com você por um tempo foi muito difícil. Eu senti muita dor. Só que agora eu percebo que o que me desesperou não foi o fato de você está tentando com outro cara, mas a possibilidade de você não fazer mais parte da minha vida. E seria assim se eu continuasse me afastando de você, por isso voltei. Eu sabia que você respeitaria meu espaço. Que você não se aproximaria sem eu dar o primeiro passo. O que eu estou tentando dizer é que eu sou muito feliz com o que nós temos um com o outro. Se vai mudar ou não, não sei, não me importa, desde que continuemos juntos. Eu quis te dizer tudo isso porque te amo, porque admiro você, seu caráter, porque te respeito, porque acho que certas coisas não devem ser guardadas, ainda mais se são sobre amor. Com o tempo elas envenenam a relação. Na verdade, essas são coisas que eu estou aprendendo com você.”

Para Ricardo, o homem que eu amo tanto.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

I surrender

But what do you say to taking chances?
What do you say to jumping off the edge?
Never knowing if there's solid ground below
Or a hand to hold, or hell to pay
What do you say?
What do you say?

sábado, 9 de julho de 2011

Somos juntos em nossas diferenças

No dia 12 de abril de 2011, foi convocada uma unidade em nome dos direitos humanos. A todos que, independente de orientação sexual, raça, credo e sotaque, aos que acreditam na tolerância, compaixão e respeito pelo próximo, a galera do Projeto #EuSouGay pediu fotos com uma só mensagem: #eusougay.

A resposta não foi outra. Centenas de pessoas enviaram suas fotos, abusando da criatividade e descontração da hora de posar. Muitos também foram os que divulgaram o projeto em seus perfis nas diversas redes sociais pedindo aos seus amigos que também participassem. O resultado você vê agora nesse vídeo incrível que a equipe do projeto fez.



É hora de, mais uma vez, pedirmos ajuda aqui. Vamos espalhar esse vídeo! Convido todos a replicar essa mensagem em seus blogs, facebooks, twitters e todas as redes sociais possíveis.

Novamente, agradecemos de coração a todos que colaboraram com o projeto, principalmente aos que terminaram não entrando na edição final do vídeo por uma questão unicamente de equação tempo/espaço – o que só prova que somos muito mais!

Lembrando que o projeto continua além do vídeo! Coloque sua foto na galeria do #eusougay: http://projetoeusougay.tumblr.com/

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Defensoria Pública do Maranhão capacita funcionários para atendimento ao público LGBT

Para garantir um espaço de respeito e acolhimento às demandas do público LGBT, a Defensoria Pública do Estado (DPE/MA) promoveu o curso de capacitação “Direitos Humanos para a População LGBT”, direcionado ao quadro de funcionários da instituição, especialmente àqueles que trabalham no atendimento ao público. A capacitação foi idealizada pela titular do Núcleo de Defesa da Mulher e da População LGBT, Ana Lourena Moniz.

Além da defensora, participaram do evento, o defensor geral, Aldy Mello de Araújo Filho, a subdefensora, Mariana Albano de Almeida, o coordenador geral do grupo Gayvota, Airton Ferreira, a presidente do Grupo Solidário Lilás, Babalu Rosa, o presidente do Fórum de ONG’s LGBT, Jorge Beckman e o coordenador do Grupo Passo Livre, Herberth Sousa.

A humanização do atendimento à população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) é mais uma ação da Defensoria, que, recentemente, baixou uma resolução, decretando a utilização do nome social no âmbito da Defensoria. O nome social é a identificação através da qual as travestis e transexuais se reconhecem e são reconhecidas socialmente.

Defensores, servidores e estagiários tiveram, durante o treinamento, a oportunidade de discutir a construção de um padrão de atendimento personalizado, que respeite as características do público LGBT.

“Nosso objetivo é construir, de forma compartilhada com a sociedade civil organizada, um modelo de atendimento diferenciado que considera as peculiaridades desse público, de modo que Defensoria também venha a ser referência na defesa da cidadania da população LGBT, assim como já é reconhecida na defesa dos direitos do idoso, criança, adolescente e pessoas com deficiência”, explicou Aldy Mello Filho.

Durante a capacitação, o palestrante e coordenador do grupo Gayvota, Airton Ferreira, elogiou a iniciativa da Defensoria e destacou a importância dessa sensibilização, na busca da garantia de direitos da população LGBT. “É fundamental que o povo conheça a nossa necessidade de sermos respeitados, e assim, levantem essa bandeira junto conosco. Acredito que a iniciativa de criar o núcleo foi genial, pois só assim a população LGBT será ouvida com deve ser.

A presidente do Grupo Solidário Lilás, Babalu Rosa, falou sobre o universo das travestis e transexuais e da importância de serem identificadas por seus nomes sociais. Ela citou inúmeras ocasiões em que foi vítima de constrangimentos em locais públicos ao ser chamada por seu nome de registro.

Durante o encerramento, a defensora Ana Lourena Moniz, afirmou que a capacitação ajudará os funcionários a compreender melhor as demandas desse público. “É sempre necessário termos a cabeça aberta e estarmos dispostos a ouvir e buscar o conhecimento para entender as diferenças. A Defensoria é um espaço destinado a todas as pessoas em qualquer situação. Estamos aqui para auxiliá-los”, finalizou.

Fonte: Defensoria Pública do Estado do Maranhão

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Mais uma vitória do "povo de Deus"

Após conseguir as assinaturas necessárias para desarquivar o projeto de lei complementar que criminalizaria a homofobia (PLC 122) e de levá-lo para debates na Comissão de Direitos Humanos do Senado, o que culminou com o embate entre os senadores Marinor Brito (PSOL/PA) e Jair Bolsonaro (PP/RJ) no dia 12 de maio desse ano, a senadora Marta Suplicy (PT/SP), atual relatora do projeto, decidiu pelo abandono do PLC 122, após 5 anos de lutas das classes LGBTs.

O arquivamento ocorreu devido aos diversos ataques que ele recebeu de setores do Congresso Nacional contrários ao projeto de lei, principalmente as bancadas religiosas, em especial, a evangélica. E não me venham aqui me acusar de perseguição, pois a maioria dos senadores e deputados que se posicionaram contra o PLC122 são membros de igrejas evangélicas, alguns são até pastores. São os fatos.

Marta Suplicy tentou costurar acordos políticos com as bancadas religiosas do Senado, como o senador Marcelo Crivella (PRB/RJ), para mudar trechos do projeto muito criticados pelos parlamentares ligados às igrejas e fazê-lo passar pelas Comissões da casa, mas a senadora (re)avaliou que essas bancadas jamais votariam a favor do projeto por ele ter sido “demonizado” dentro e fora das igrejas por pastores e padres.

Parte dessa visão negativa do projeto por parte de boa parte da população brasileira deveu-se, sobretudo, as desinformações divulgadas pelos líderes político-religiosos no Congresso Nacional. Informações como a que LGBTs não poderiam ser demitidos sob qualquer hipótese caso o projeto fosse aprovado ou a que, pasmem, gays poderiam, se quisessem, praticamente transar em público sem qualquer tipo de intervenção, pois o PLC 122 tornava um direito a demonstração de afeto por homossexuais, foram largamente repetidas em jornais, rádios, revistas, programas de televisão.

Enfim, assim como fizeram com o Kit de Combate à Homofobia nas Escolas, os religiosos fizeram o mais absurdo marketing negativo do PLC 122 transformando-o em um “AI-5 Gay” em que nós, LGBTs, ficaríamos acima da lei, ou seja, venderam um simples projeto que puniria a discriminação por orientação sexual, inclusive a heterossexual, como o primeiro passo de uma nefasta “ditadura gay”. Ignorância? Má fé? Manipulação descarada da opinião pública? Repressão vil? Entendam como acharem melhor.

A decisão de arquivar o PLC 122 foi tomada em reunião no gabinete da senadora e contou com a presença do senador Walter Pinheiro (PT/BA), da deputada federal Benedita da Silva (PT/RJ), do deputado federal Lauriete Almeida (PSC/ES) e do deputado Gilmar Machado (PT/MG). “Em proposta minha, e já acordada há algumas semanas, com Toni Reis, presidente da ABGLT, e os senadores Marcelo Crivella e Demóstenes Torres (DEM-GO), chegamos à conclusão que devido à demonização do PLC 122 deveríamos apresentar um novo projeto de lei, mantendo as principais diretrizes no combate à homofobia”, disse Marta Suplicy.

Agora a senadora Marta Suplicy trabalha em um novo projeto que já foi analisado pela ABGLT, setores LGBT do PT e Conselho Nacional LGBT. A expectativa é que ainda este mês o novo texto de lei seja apresentado no Senado e já conta com o apoio das bancadas religiosas.

Você pode estar se perguntando que termos contém um projeto de lei que combata a homofobia e ainda garanta o pleno exercício dos nossos direitos de seres humanos e cidadãos que são cerceados diariamente há décadas, tendo a anuência dos religiosos fundamentalistas.

Ora, não são eles contra a livre manifestação do afeto entre pessoas do mesmo sexo? Não são eles que associam homossexualidade e pedofilia? Não são eles que acreditam que nós somos incapazes de constituir uma família? Não são eles que ojerizam a possibilidade de adotarmos uma criança, pois, além de sermos pedófilos em potencial, iremos ser os responsáveis pela homossexualidade desse futuro adulto? Que direitos eles irão querer nos conceder então?

Pois bem, a solução encontrada por Marta Suplicy foi deixar o discurso religioso isento de qualquer punição, baseado na liberdade de expressão e no livre exercício da fé. Aliás, o discurso homfóbico, de qualquer natureza (religiosa, política, social), raiz de toda a discriminação que a população LGBT sofre, está completamente livre de punição.

Pelo novo projeto, a homofobia é apenas um agravante da pena. Ela continua não sendo criminalizada. O novo projeto de lei também não criminaliza quem tentar impedir ou restringir manifestações de afeto entre pessoas do mesmo sexo, se não houver agressão ou violência, com acontecia no PLC 122. De fato, ele não inibe ou pune o preconceito verbal ou o discurso homofóbico, ou transfóbico, raiz da violência.

No geral, a lei nova é mais fraca. Embora pegue mais pesado nas penas, ela não criminaliza a violência diária e nem dá um basta claro ao preconceito. Marta deu um grande passo para trás no que diz respeito à conquista dos direitos da população LGBT no Brasil. Mais uma vez os religiosos conseguiram interferir na vida política do nosso país laico. Mais uma vez homossexuais foram relegados ao segundo plano, tornando-se merecedores de direitos pela metade. Até quando?

Conheça AQUI os detalhes do projeto de lei que substitruirá o PLC 122.