sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FELIZ 2011

Fiquei a semana toda pensando em 2011 coisas para dizer-lhes neste 31 de dezembro, mas teremos 365 novos inteirinhos para dividirmos angústias, dúvidas, opiniões, idéas, experiências e, tenho certeza, ALEGRIAS. Sendo assim, deixo aqui meus agradecimentos a todos vocês que todos os dias, ou mesmo esporadicamente, passam por aqui e me fizeram ver um mundo com um colorido todo especial nesses poucos meses do blog. Cresci muito com cada um que conheci por aqui, mesmo que apenas por meio de um singelo comentário postado. Obrigado e que continuemos cada vez mais fortes e unidos. Tudo o que gostaria de dizer, acredito, se resume no vídeo abaixo. FELIZ 2011.

Zélia Duncan - Os imorais

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vou confessar que:

Eu roubei mais essa ideia da @Lilahleitora do blog Tramas, Tranças e Bobagens que por sua vez roubou da Ju Ramalho do Dedo de Moça. Esse é o momento e o espaço para que se confesse e se faça toda a mea culpa, mea culpa... Ou nada de culpa! O que você fez esse ano que merece um confessionário ou não deixar passar em branco de jeito nenhum? Pode ser realizações, culpas mesmo (aliás quem não tem?) qualquer coisa realizada que queremos contar,desabafar, revelar nos gabar ou nos livrar!

A minha grande dúvida é se tenho meu último rompante de sinceridade desse ano ou se poupo algumas pessoas da minha acidez. Mas que seja. Está aberto o confessionário 2010! Eu confesso que:

Não cumpri nenhuma das minhas promessas para 2010. Disse que começaria academia, que poria meu aparelho ortodôntico, que mudaria o cabelo e que faria uma reeducação alimentar. Fiz alguma dessas coisas? NUNCA! Prometi tudo pra 2011 de novo, vamos ver, né?

Assumi responsabilidades além das minhas possibilidades e que não dei conta da metade. Tanto que passei algumas semanas sem postar nada aqui em alguns meses. Até hoje devo uma resenha pra @Lilahleitora. Em 2011 só assumirei os compromissos que de fato eu puder abarcar. O blog está no top five.

Gastei muito mais que devia esse ano. Passei 2010 com o meu limite estourado do cartão de crédito por causa da minha compulsão e que teve um mês que a fatura do meu cartão foi mais da metade do meu salário, mas há três meses não compro nada.

Meu mau-humor diário, na maior parte das vezes, era só tipo para manter afastada gente indesejada. Tem dias que não estou afim, então finjo que estou de mau-humor e faço cara feia pras pessoas não falarem comigo.

Fiz a egípcia no maior cinismo pra gente que estava a um palmo de mim. Eu sofro de uma preguiça descomunal e às vezes fico com preguiça até de falar, então, finjo que não vejo as pessoas. Os óculos escuros e os fones de ouvido no volume máximo ajudam nisso.

Roubei a revista Contigo! Especial 30 anos de carreira da Madonna do consultório do meu médico. Ah, gente, vai dizer que vocês nunca arrancaram aquela página com foto do ídolo de vocês das revistas do salão de beleza, do consultório do dentista...? Além disso a revista estava lá jogada num canto. Ninguém tava dando a mínima pra ela.

Sinto saudades da minha irmã mais nova. É bem verdade que quando morávamos juntos eu vivia implicando com ela, dizendo coisas do tipo “teu cabelo parece palha de milho”, “essa acne na tua testa parece um chifre de unicórnio” ou quando ela me acordava às 8h da manhã de domingo com o maldito CD do Léo Magalhães que ela tem, mas chorei horrores quando ela foi embora.

Arrependo-me de ter magoado todas as pessoas que magoei ao longo da vida em nome da minha maldita segurança.Essa última confissão não é sobre 2010, mas da vida toda, porém esse ano aconteceu algo que me fez repensar a vida toda.

Então, o que achou das minhas confissões? Bobas?! Oxi, você queria mesmo que eu confessasse o que eu fui fazer no dark room da OBS dia 05 de junho? E a minha privacidade? E a minha dignidade? Agora faça as suas também.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Eu desejo...

Decidi aceitar o convite da @Lilahleitora, do delicioso Tramas, tranças e bobagens para participar da blogagem coletiva e listar cinco desejos meus para 2011. Bem, sendo assim, o meu último desejo para 2010 seria um número maior de desejos para 2011, porque né? Daí que agora não sei se peço utilidades ou futilidades, mas enfim, vamos aos desejos:

1º - Quero conhecer a @Lilahleitora
Graças a esse blog e ao Google, eu conheci a pessoa mais incrível de todas, a Lilah, que me adotou e me dá colo quando tô manhoso e a quem eu gosto de chamar de mãe. A gente só se fala pelo MSN e o universo conspira contra nós toda vez que tentamos falar no Skype. O fato é que eu nunca a vi ou ouvi, portanto, quero muito abraçá-la pessoalmente esse ano.

2º - Arrumar um emprego
Eu quero ser independente, ter minha própria casa, poder pagar minhas contas sozinho, fazer supermercado, viver minha vida sem ter que dar satisfações sobre horários, com quem eu saio ou pra onde vou. Adoro o conforto do ‘Hotel da Mamãe’, mas ou você tem vida própria ou tem os mimos de mamãe, néam?

3º - Aprender a dirigir
Mamãe vive dizendo que se eu tivesse CNH ela já teria comprado um caro, pois bem, minha senhora, prepare o bolso por que eu não termino junho sem esta bendita carteira, afinal, andar de ônibus não é coisa de Deus. Só pra constar: se o primeiro desejo se realizar antes desse, abro mão do carro, tá mãe, em todo caso vou tirar a carteira, então se a senhora ainda quiser me dá o presente... rs.

Bem, dos desejos úteis, esses são os mais importantes, portanto vamos para as futilidades, afinal, eu não sou de ferro.

4º - Eu quero um Ipad
Eu adoro novas tecnologias e acho que ser uma pessoa conectada é imprescindível nos dias de hoje e nem me venham com esse discurso que quem passa muito tempo on line é por que não tem vida social. Além disso, não há quem não queira um Ipad. Em todo caso, se mamãe cumprir a promessa de me dar um notebook de presente de aniversário já ficarei imensamente feliz.

5º - Quero DVDs novos
Ain... to super querendo os seguintes DVDs: I Am World Tour (Beyoncé); Taking Chances World Tour The Concert 2010 (Celine Dion); Sticky & Sweet Tour (Madonna); Dentro do mar tem rio (Maria Bethânia); Inclassificáveis (Ney Matogrosso); Samba meu (Maria Rita); Elas cantam Roberto Carlos (Roberto Carlos e cantoras); Tecnomacumba Ao Tempo e Ao Vivo (Rita Ribeiro) e vários outros, mas esses são os que mais quero nesse momento.

São coisas bobas, né, mas que me deixarão imensamente feliz. Então tô na torcida.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ao velho Noel

Bem, eu relutei, mas acabei não resistindo, apesar de o senhor ter ignorado, nos últimos 10 anos, sem dar qualquer justificativa, as minhas cartinhas anuais com pedidos de armas, bombas e novos vírus mortais, o que deixou o senhor com muito descrédito ante esse que vos escreve, eu resolvi lhe dar uma nova chance de me presentear esse ano, Papai Noel.

Bem, tem uma série de coisas que eu gostaria muito de ter em 2011. A primeira delas é um emprego que me pague R$ 1 milhão de salário mensal. Também adoraria um carro importado porque não aguento mais andar de ônibus. A pior parte do meu dia é a 1h que passo todas as manhãs em pé no Rodoviária/São Francisco a caminho do trabalho. Também quero uma singela mansão de 24 quartos no Calhau. Ah, não posso esquecer de pedir um namorado que seja um misto de George Clooney, Brad Pitt, Tom Cruise e Fiuk, por que já cansei de ficar sozinho, néam?

Hum... também quero um guarda-roupas recheado de peças Dolce&Gabanna, Armani, Lacoste, Natan, Victor Hugo, Dumond, Vivara, Iódice, Diesel, Christian Dior, Louis Vuitton, Salvatore Ferragamo, Bulgari, Cartier, Giorgio Armani, Versace, Carlos Miele, NK Store, Marc Jacobs etc. Bem, pensei em pedir novamente aquele AR15, mas como o senhor me ignorou das outras vezes, deixa pra lá. E por favor, eu gostaria de umas 6.000 calças super-skinny pretas tamanho 38 e o não menos importante portal mágico para a Bolívia. Obrigado.

Bom, eu realmente gostaria de ter todas essas coisas ('Cause we're living in a material world and I, I'm a material gay). É bem verdade de que não preciso de tudo isso, ainda mais nessas quantidades exorbitantes. Talvez precise de um ou outro desses presentes (mas se o senhor quiser me mandar um ou dois ou todos, eu não vou reclamar, juro, nem vou ficar chateado), mas na verdade o que eu quero muito e há muito tempo é apenas PAZ.

2010 não foi um ano fácil para ninguém eu sei e no meu caso, acho que foi o pior que já tive. Acho que não chorarei por nada nos próximos 200 anos, tantas foram as lágrimas que derramei nesses 365 dias que se encerram. Dias de extrema solidão, dias em que me sentia um nada, dias e dias em que chorei com o coração partido de amor não correspondido, dias e mais dias de brigas familiares. Dias em que tudo o que queria era desistir.

Então depois de tanto pensar qual o grande presente que eu quero nesse Natal, decidi que quero uns 20 barris de PAZ. Em 2011 eu quero apenas que meu coração bata calmamente como se fosse o acorde de uma canção de Tom ao piano. Quero o vento batendo no meu rosto. Quero sorrir com fartura e naturalidade. Quero abraços apertados. Beijos carinhosos e dias de sol, muitos dias de sol.

Como acredito que o senhor seja um homem que acompanhe as novas tecnologias, em vez de postar a carta nos Correios, com destino à Lapônia, irei postar aqui mesmo no blog, até por que sempre achei que o senhor significasse, afinal anda pra cima e pra baixo com todas essas renas, néam, então deve está sempre passando por aqui.

Não sei por que, mas estou esperançoso nesse fim de 2011. Sei que está um pouco em cima da hora para lhe fazer o meu pedido, mas eu voltei a acreditar no tal milagre de Natal. Vê se não me decepciona dessa vez, hein.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vivemos em uma democracia?

Essa frase, acerca do que é dito sobre gays, foi dita por um conhecido meu que é mais um dos que não tem preconceito, mas...

 

“O Brasil é democracia. Nós podemos falar o que bem entender.”

 

Já escrevi e recomendei inúmeros textos sobre essa questão, mas não custa lembrar, já que as pessoas se recusam a entender o óbvio.

Não! NINGUÉM pode dizer o que bem entender só porque vivemos em uma democracia. Até por que nossa democracia me parece muito mais “unocrata” que democrata. Toda vez que alguém levanta a voz para ofender ou propagar desinformações sobre gays, são poucos os que se opõem, mas basta um único gay se opor a esse tipo de comportamento que não faltam vozes para sufocá-lo.

Dizem que ele (eu, você, nós, gays) gosta de se vitimizar, que quer tratamento privilegiado “só porque é viado”, que quer submeter os outros ao seu “estilo de vida”, que somos radicais, pois não aceitamos nem “uma piadinha inocente” e uma série de outros argumentos vazios de qualquer fundamentação.

Então, baseados no seu sagrado direito de “falarem o que quiser”, já que estamos em uma democracia e temos o direito à liberdade de expressão, milhares de homofóbicos gastam seu tempo e energia falando “bobagens” sobre gays, sobre ser gay, ajudando a reforçar a idéia de que somos promíscuos, que só vivemos pelo sexo, que somos inferiores, afinal, quando ofendemos alguém é porque queremos preteri-lo e eu NUNCA ouvi ninguém chamar outra pessoa de “viado”, “boiloa”, “bicha” e afins em tom elogioso.

Permitam-me explicar-lhes uma coisa. Não importa se você tem vários amigos gays e não tem nada contra gays, MAS prefere que seu filho não o seja ou não gosta de ver dois homens ou duas mulheres se beijando, pois você é um homofóbico. Não existe meio-preconceito ou preconceito em maior ou menor grau. Preconceito é preconceito, apenas. E se você tem alguma restrição com relação a homossexuais você é SIM preconceituoso e, consequentemente, homofóbico. Seria o mesmo que eu dizer que nada tenho contra negros, mas preferir que eles não dividam o elevador social comigo como já vi diversas vezes nos condomínios da minha moderna São Luís do Maranhão.

Quer alguns exemplos da nossa democracia? Bem, em novembro de 2008, grávida de 7 meses, Claudia Leitte, e seu marido, falaram o seguinte à uma revista de celebridades: “Eu adoro gays, mas prefiro que meu filho seja macho”, afirmou a cantora. “Deus me livre, ele será bem criado”, completou o empresário Márcio Pedreira, marido da cantora.

Oras, se você não tem nada contra gays qual o problema de seu filho ser mais um? E desde quando ser gay é sinônimo de má-criação? Eu fui muitíssimo bem criado. Recebi a melhor educação que meus pais puderam pagar, sempre fui um dos melhores alunos da turma e durante anos fui o modelo de filho que TODAS as amigas da minha mãe desejavam e sou gay. Eu nasci gay e não há nada que pudesse mudar isso.

Se uma mãe dissesse que preferia que seu filho fosse hétero por não querer que ele sofresse tanto preconceito e privação, eu juro que entenderia. Eu sei o que passo. A dor e o sofrimento são quase mortais em dados momentos e que mãe quer que seu filho sofra? Mas a questão é que a maioria delas não quer um filho gay por vergonha, por preconceito.

Mais recentemente Reinaldo Gianechinni, também em uma entrevista, quando perguntado sobre o que pensa acerca dos comentários de que é gay disse: "Se você for ler tudo o que falam de PORCARIA a seu respeito, realmente é deprimente. Em um site de notícias sobre celebridade essa declaração do ator é antecedida pela seguinte frase da jornalista responsável pelo texto na internet: “Mesmo sendo frequentemente visto com mulheres bonitas, o galã ainda é tachado pelas MÁS LÍNGUAS como gay.” Quer dizer que ser gay é uma porcaria e que esse tipo de especulação é algo negativo feito pelas más línguas, isto é, por pessoas desonestas e que querem prejudicar outrem?

Esses são apenas dois exemplos insignificantes perto dos absurdos que políticos falam em seus discursos. Como o deputado federal, Jair Bolsonaro (PP/RJ), que disse ser a favor de palmadas para o filho deixar de ser gay e depois destilou críticas ao Kit de Combate à Homofobia nas escolas: “Atenção, pais de alunos de 7, 8, 9 e 10 anos, da rede pública: no ano que vem, seus filhos vão receber na escola um kit intitulado Combate à Homofobia. Na verdade, é um estímulo ao homossexualismo, à promiscuidade”, afirmou.

Há ainda líderes religiosos como Silas Malafaia, da Assembléia de Deus, que espalhou outdoors homofóbicos no Rio de Janeiro e comparou a homossexualidade, a zoofilia em rede nacional. Ou reverendo Augusto Nicodemus que atacou o projeto de lei que criminaliza a discriminação por orientação sexual, PLC 122, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie. E o que falar do General do exército brasileiro que disse que homossexuais deveriam procurar outro ramo de atividade que não o exército? Fernanda Young terá exibida, na Globo, em 2011, uma série de comédia sobre um ex-gay. Oi?

Enfim, a lista de exemplos de pessoas, programas, piadas, declarações desse tipo seria suficiente para alimentar este blog por anos. Citei apenas alguns para que você, caro leitor, compreenda a dimensão de tudo que é, erroneamente ou propositadamente, dito todos os dias sobre gays. E o que todas essas pessoas tem em comum? O acesso fácil à mídia e o trânsito livre entre a população.

Por que sim, o que dizem é tido como verdade pela maioria dos fãs, partidários, correligionários, eleitores dessas pessoas. Por que é engraçado fazer piadas sobre gays? Por que é democrático alimentar o preconceito e a discriminação? As pessoas não compreendem que essas "pequenas" afirmações incutem conceitos terríveis na cabeça das pessoas. Que os jovens desse pais vão crescer repetindo as mesmas piadas infelizes, as mesmas agressões desumanas que seus ídolos de hoje e que assim NADA vai mudar, que nossa sociedade NUNCA vai evoluir.

A razão dessas linhas, talvez desconexas, é a quantidade de absurdo que tenho ouvido e lido nas últimas semanas pelas quais tentei não me revoltar, mas a gente cansa, não é? Não é simples revolta ou melindre, é a sensação de ser desrespeitado todos os dias da hora em que acordo a hora em que vou dormir, pois mesmo quando não dizem para mim, dizem para outro gay e eu me sinto tocado, afinal, amanhã o gay ofendido pode ser eu.

A verdade é que democracia é um direito que todos defendem, poucos conhecem e quase ninguém pratica.