Mostrando postagens com marcador Eleições 2010. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eleições 2010. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

LGBT News - Eleições 2010

Ontem (03.10), 135,8 milhões de eleitores foram às urnas para decidir sobre o Brasil do pós-Lula. Depois de oito anos sob o comando do petista, os brasileiros precisavam escolher o sucessor do presidente de popularidade recorde. Além do novo nome que ocuparia o Palácio do Planalto, estavam em jogo 27 governos estaduais, dois terços do Senado e toda a Câmara de Deputados.

A eleição do novo presidente ficou para o segundo turno, quando disputarão Dilma (PT) e Serra (PSDB). Dos 27 estados do país, 9 decidirão no segundo turno quem os governará pelos próximos quatro anos: Distrito Federal, Goiás, Rondônia, Paraíba, Piauí, Roraima, Pará, Amapá e Alagoas.

Cientes da importância do voto consciente para garantir a cidadania de todos os cidadãos, diversos grupos fizeram campanha para os candidatos que defendiam as suas causas. Dos candidatos que assinaram o Termo de Compromisso da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros), foram eleitos um governador, uma senadora, 17 deputados federais e 25 deputados estaduais.


Jean Willys, eleito deputado federal pelo RJ

Apesar da reação dos evangélicos e católicos (leia comentário do blogueiro na coluna de hoje, aqui) que alavancaram Marina Silva (PV) e levaram as eleições presidenciais para o segundo turno, os LGBT conseguiram um avanço com as eleições deste domingo elegendo o primeiro deputado federal gay assumido eleito com uma plataforma LGBT, o ex-big brother Jean Wyllys pelo PSOL-RJ (à esquerda), com 13.018 votos, 0,16%, do total das urnas fluminenses.

Alírio Neto, eleito deputato distrital
Além disso, houve ainda a reeleição de Alirio Neto do PPS-DF, deputado distrital conhecido por defender a causa LGBT (à direita).

São Paulo foi o estado mais elegeu políticos pró-gays. Foram 6 deputados federais e 5 estaduais. No Maranhão (estado onde moro), nenhum candidato assinou o Termo de Compromisso, mas esperamos que esses eleitores não sejam relegados. Confira abaixo a lista dos aliados e gays eleitos:


Governador:
Bahia
Jaques Wagner (PT)

Senador:
Bahia
Lídice da Mata (PSB)


Deputados federais:
Bahia
Nelson Pelegrino – PT


Ceará
Artur Bruno – PT
Distrito Federal
Erika Kokay - PT


Paraíba
Luiz Couto - PT
Pernambuco
Mauricio Rands - PT
Piauí
Átila Lira - PSB
Marllos Sampaio - PMDB
Paraná
Dr. Rosinha - PT


Rio de Janeiro
Jean Wyllys – PSOL - Gay
Rio Grande do Sul
Manuela D’Ávila – PcdoB
Paulo Pimenta - PT


São Paulo
Ivan Valente - PSOL
José Aníbal - PSDB
Paulo Teixeira - PT
Mara Gabrilli - PSDB
Vicente Candido – PT
Roberto Freire - PPS

Deputados estaduais:
São Paulo
Bruno Covas - PSDB
Carlos Giannazi - PSOL
Mauro Bragato - PSDB
Samuel Moreira - PSDB
Barros Munhoz - PSDB
Bahia
Bira Coroa - PT
Marcelino Galo - PT
Maria Del Carmen - PT


Distrito Federal
Alirio Neto - PPS - Gay
Arlete Sampaio - PT
Eliana Pedrosa - DEM
Wasny de Roure - PT
Espírito Santo
Claudio Vereza - PT


Goiás
Mauro Rubem - PT
Minas Gerais
Luiz Humberto Carneiro - PSDB
Luiza Ferreira - PPS
Pará
Bernardete - PT
Edmilson Rodrigues - PSOL


Pernambuco
Isaltino Nascimento - PT
Paraná
Fabio Camargo - PTB
Professor Lemos - PT
Tadeu Veneri - PT


Rio de Janeiro
Carlos Minc - PT


Rio Grande do Sul
Raul Pont - PT
Santa CatarinaAngela - PCdoB

sábado, 28 de agosto de 2010

Depois do PSOL, PSTU também exibe beijo gay em horário eleitoral

Longe de nosso principal produto cultural de exportação, as telenovelas, o beijo gay começa a reinar no horário político. Tudo bem que essa notícia vem com algum atraso, mas como não ouvi comentários a respeito nos ambientes que freqüento, acredito que poucas pessoas tenham atentado para o fato, por isso decidi publicá-la agora.

Na primeira semana de horário eleitoral gratuito na televisão, com o lema de campanha "Você tem opção", o candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Paulo Bufalo, defendeu a diversidade sexual e a liberdade de escolha, e apresentou, entre outras imagens, o beijo entre dois rapazes em seu programa eleitoral do dia 18.08.



Juntos na vida real há quatro anos, o cabeleireiro Ricardo Mendonça e o dançarino Júlio Colaço aceitaram participar do programa como forma de protesto pelo fim do preconceito que existe contra a união homossexual. O episódio, claro, gerou polêmica, despertando a fúria dos homofóbicos de plantão.


Apesar disso, após o PSOL colocar o beijo gay em seu programa em São Paulo, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) decidiu mostrá-lo para todo o Brasil. Zé Maria, candidato à Presidência da República pelo partido, afirmou no seu programa do dia 26.08 que “a luta contra todas as formas de opressão é parte fundamental do programa socialista”.


Foram mostradas fotos de casais homossexuais se beijando e cartazes com dizeres como “não há socialismo sem homofobia”. De acordo com o jornal O Globo, a assessoria do PSTU contou que o beijo gay está dentro da linha do partido de propor temas para serem debatidos com a sociedade e que a luta contra a homofobia é uma das bandeiras do partido e por isso será mostrada no horário eleitoral gratuito.


Afora a importância desse tipo de atitude entre os políticos brasileiros para que a comunidade LGBT do país possa, enfim, ter igualdade de exercício de direitos com os heterossexuais, o fato é que os partidos nanicos têm que rebolar para chamar a atenção no horário eleitoral gratuito.


Com pouco tempo para que seus candidatos exponham suas idéias, é no programa deles que, muitas vezes, aparecem as propostas mais ousadas. O PSTU já vinha chamando a atenção com seu slogan. “Contra burguês, vote 16” pode não levar o candidato à Presidência Zé Maria à liderança das pesquisas, mas é bem feito, representa o que é o partido e gruda na cabeça do espectador.


Mas o PSTU mostrou que seu programa não é apenas um slogan. Arriscou, ousou e chamou a atenção. Já foram usados nessa campanha pelo partido uma foto de Bruno, o goleiro acusado do homicídio de Eliza Samudio, seguida da apresentação da candidata a vice-presidente do PSTU, Claudia Durans, falando da Lei Maria da Penha.


Essa, aliás, foi a deixa para Zé Maria explicar que o partido batalha na “luta contra toda a forma de opressão”. A foto de uma manifestação pública levada ao ar em seguida destacava outro slogan do partido: “Não há socialismo sem homofobia”. Percebia-se, então, que a manifestação era uma parada gay. Surgiu, então, uma série de fotos de beijos na boca entre dois rapazes.


Também é de se estranhar o fato de essa iniciativa partir de dois partidos de base socialista, pois, como sabemos, nos países comunistas os homossexuais são cruelmente perseguidos pelos seus governantes e, sobretudo, o PSTU, possui uma índole um tanto quanto autoritária, e não estou aqui fazendo campanha para qualquer dos dois partidos, no entanto, espero que as pessoas, após verem essas cenas, percebem que essas demonstrações de carinho entre os gays são manifestações legítimas que mostram que o estado precisa ter políticas públicas para os homossexuais e que esse debate não aparece nas campanhas por conta de um forte conservadorismo vigente e que não se pode governar um estado apenas em virtude dos princípios religiosos ou puramente ideológicos.


Bem que Gloria Perez tentou em América no ano de 2005, com os personagens Júnior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro), cuja cena de beijo gay foi escrita e gravada, mas censurada de ir ao ar pela Rede Globo, segundo os próprios atores, mas a primazia de fazer a emissora carioca exibir um beijo gay no horário nobre será para sempre do PSTU.


Se você ainda não viu os dois programas, faço clicando nos vídeos abaixo:

PSOL:





PSTU:

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Manifesto Pró-Casamento Igualitário

Candidatos das eleições 2010
Carta aberta aos candidatos brasileiros
Manifesto Pró-Casamento Igualitário no Brasil


Senhoras e Senhores Candidatos,

Por meio desta carta-manifesto, nós, abaixo assinados, viemos reivindicar aos candidatos concorrentes no pleito de 2010 e perante a sociedade brasileira a aprovação urgente, no Brasil, do chamado casamento gay, melhor definido como casamento igualitário. Conclamamos que candidatos e cidadãos brasileiros aproveitem o processo eleitoral para refletir seriamente sobre o assunto.

Nós, sejamos lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros ou heterossexuais, somos apoiadores de um direito básico do qual todos os brasileiros devem ter neste país: a Igualdade Civil. Por isso, defendemos que o casamento igualitário, recentemente aprovado na Argentina, o seja também no Brasil. Não pensamos que tal medida seja radical ou subversiva, assim como não pensaram ser radicais aqueles que instituíram o divórcio ou o sufrágio secreto e universal em nosso país. Trata-se simplesmente de uma questão de igualdade civil e justiça democrática. Os conservadores devem aceitar que o Brasil é uma República Laica desde 1889, ou seja, há mais de 100 anos. Também repudiamos veementemente a proposta de se fazer um plebiscito sobre a União Civil Gay. Pensamos que a proposta, mesmo travestida de “democrática”, é cruel, humilhante e degradante com a população LGBT.

As razões para que o casamento igualitário seja aprovado no Brasil são muitas. Entretanto, o principal argumento é que somente esta reforma no código civil daria igualdade legal entre cidadãos com orientações sexuais diferentes da heteronormativa.

Esperamos, com esta carta-manifesto, fazer com que todos os candidatos do Brasil e a sociedade em geral entendam a gravidade da situação de exclusão civil, social e de direitos humanos em que se encontra grande parte da comunidade LGBT – estimada por especialistas em aproximadamente 10\% da população brasileira. Queremos chamar a atenção, especialmente, dos candidatos aos cargos de deputado estadual e federal, governadores, senadores e, principalmente, à Presidência da República, e pedir para que se manifestem claramente, sem hipocrisia, sobre o assunto.

Todas as mulheres e homens são iguais perante a lei
A Constituição Federal Brasileira, desde 1988, garante que todos os brasileiros são iguais perante a lei, portanto, têm os mesmos direitos e deveres. Em seu artigo 5º, a Carta Magna afirma: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, (...)”

Os cidadãos homo, bi e transexuais cumprem os mesmos deveres que os heterossexuais para com a República, são obrigados a votar, a servir militarmente à pátria (no caso masculino), a pagar os impostos etc. Todavia, a elas e eles ainda são negados, por parte do Estado, vários direitos básicos, como a igualdade civil e jurídica e mesmo a garantia e manutenção de sua integridade física. Direitos básicos estão comprometidos no país, como a garantia à segurança e à vida nos casos de atentados homofóbicos, a que costumeiramente estão expostos os LGBTs em seu dia-a-dia. No Brasil ainda se faz necessária a urgente aprovação do PLC-122, que criminaliza a discriminação por orientação sexual, como em todas as nações modernas do mundo. Não fazê-lo é ser conivente com os assassinatos de gays, lésbicas e transgêneros que acontecem a cada dois dias no Brasil.

Além das violações diárias de seus direitos, os cidadãos LGBTs são, ainda, discriminados pelo Estado brasileiro. Ao não equiparar os direitos civis entre heterossexuais e homossexuais, o Estado fere a isonomia republicana, deslegitimando sua própria base jurídica. Inclusive, com isso, ainda fortalece as pretensões daqueles que querem continuar a discriminar e excluir “legalmente” uma parcela da população brasileira - a LGBT.

Entre os objetivos declarados na Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 1º estão: “II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; (...)”. Percebe-se, claramente, que estes dois valores ainda são aviltados a gays, lésbicas, bissexuais e transexuais ao terem negados os direitos civis relacionados ao casamento e a constituição de família.

Sem a equiparação dos direitos civis entre homossexuais e heterossexuais, a legitimidade republicana deve contestada, afirmando a injustiça formal existente no Brasil. Para que essas diferenças sejam progressivamente resolvidas, é necessário que, ao menos legalmente, todos sejam considerados iguais, sem qualquer distinção, inclusive aquelas motivadas pela orientação sexual. O Estado não pode ser agente desta distinção, e por isso, deve urgentemente reconhecer a existência legal das famílias homoafetivas.

A aprovação do casamento igualitário seria a correção da injustiça civil relacionada aos direitos dos cidadãos LGBTs de constituírem família e possuírem os mesmos direitos civis e familiares que os heterossexuais. Somente a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo não se justifica mais na atual conjuntura política e histórica. Além de estabelecer uma evidente separação entre aqueles que deveriam ser constitucionalmente iguais, os direitos limitados por ela concedidos já foram, em parte, contemplados pelas inúmeras decisões do poder judiciário brasileiro, ou concedidas por decisões administrativas de órgãos federais (Receita Federal etc) e empresas públicas (Caixa Econômica etc) e privadas.

Ou seja, somente o casamento igualitário estabelece a isonomia civil de direitos republicanos, sem criar diferenças. Pensamos que a não-equiparação de direitos civis ou a manutenção da desigualdade legal entre todos os cidadãos é tão grave que abre precedente perigoso para garantia da manutenção e da legitimidade do regime constitucional brasileiro.

O Brasil é um Estado Laico
O Brasil também se afirma constitucionalmente como uma democracia que prima pela liberdade de pensamento. Para garanti-la, determina a separação entre Estado e Igrejas: O Art. 19 da Constituição Federal proíbe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios "estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público", e também “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”.

Apesar dessa clara norma legal, muitos eleitos, principalmente deputados e senadores, e funcionários públicos não respeitam essa separação entre Estado e Igreja(s), provavelmente por não entenderem o que é um Estado Laico. O laicismo, princípio que rege a base teórica das leis brasileiras, é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa. A palavra "laico" é um adjetivo que significa uma atitude crítica e separadora da interferência da religião organizada na vida pública das sociedades contemporâneas.

Entretanto, alguns grupos religiosos conservadores impõe seu pensamento na forma de lobbies político-religiosos, obrigando o conjunto da sociedade a aceitar seus conceitos estritamente religiosos, regulando leis e ditando padrões de comportamento beseados na religião. Um bom exemplo é como os grupos religiosos, sobretudo católicos e neopentecostais, pretendem obrigar a grupos que não confessam seus preceitos a viver de acordo com suas normas e dogmas. Neste caso, eles violam a Constituição pretendendo enfraquecer a exigência do Estado Laico.

Duas modificações importantes instituídas a partir da declaração da laicidade do Estado foram a a criação do Casamento Civil (coexistindo a partir de então com o Matrimônio religioso) e a adoção do Registro Civil de Nascimento (que substitui o Registro de Batismo).

A lei de igualdade civil da qual os brasileiros LGBTs clamam pela aprovação quer ampliar os direitos ao casamento civil. Importante reafirmar que não cabe aqui nenhuma exigência que altere o matrimônio religioso ou que pretenda obrigar as doutrinas a incluir o casamento gay. Isto porque o Estado laico funciona em duas vias: nele não cabe nenhuma interferência religiosa, mas ele também se abstém de decisões que afetem qualquer religião. Não cabe ao Estado brasileiro decidir sobre como a Igreja Católica, por exemplo, casa seus fiéis: só a Santa Sé, no Vaticano, tem esta prerrogativa. Contudo, ao Estado brasileiro cabe proteger todos os seus cidadãos de todas as formas que possam cercear seu direito a liberdade.

O casamento civil é um direito que somente a parcela heterossexual da população brasileira possui. O clamor entre os indivíduos homossexuais, bissexuais e transexuais da República é para que este direito seja ampliado a todos, sem distinções. Assim, não haverá desigualdade jurídica instituída.

Pode-se constatar que o “argumento” mais poderoso contra o casamento gay origina-se do meio religioso, e começa sempre com citações da Bíblia Sagrada. Entretanto, esse discurso não serve como argumento quando se discute políticas públicas, leis e modelos de Estado. Em um Estado laico e democrático, crenças religiosas não podem, em absolutamente nenhuma circunstância, ser incluídas entre elementos formadores do pensamento legislador ou público. Nessas condições, nenhum preceito de base religiosa tem qualquer legitimidade na configuração normativa de leis, códigos ou regulamentos estatais.

Formar família é para poucos?
Um argumento comum dos setores conservadores contrários ao casamento é o de que um casal homossexual não forma uma família. Retrocedendo historicamente, também o modelo de família que se vê hoje em dia (homem, mulher e filhos) pode ser datado como posterior a Segunda Guerra Mundial (isto é, a partir da década de 1950). E isto somente se falarmos do ocidente.

A antropologia e a sociologia comprovam que, fora do mundo ocidental, ainda hoje, o modelo de família pode ser muito distinto do que se convencionou chamar de família. Já no ocidente, mais de 38 tipos de família coexistem hoje nas sociedades urbanas. O “modelo” de família não é unívoco mesmo no mundo ocidental: famílias de mães ou pais solteiros; divorciados que casam-se novamente e reúnem seus filhos, os filhos do cônjuge e os nascidos desse casamento; famílias formadas por pessoas que, na verdade, não têm nenhum parentesco sanguíneo. O modelo de família é extremamente mais amplo do que o texto da lei brasileira permite afluir.

Outro argumento contrário ao casamento gay é o de que duas pessoas do mesmo sexo não podem gerar filhos e, portanto, não podem per si constituir família. Este argumento, se for levado a sério, excluiria também os casais heterossexuais que, por um motivo ou outro, também não geram filhos. Casais estéreis ou casais idosos não deveriam mais constituir uma unidade familiar perante a lei. Isto absolutamente não faz sentido. Até porque a lei brasileira prevê o caso de adoção. Crianças são abandonadas por inúmeros motivos em abrigos e protegidas pelo Estado, e podem ser adotadas por estes casais heterossexuais que não podem gerar filhos. Porque não pelos casais homossexuais?

Outra afirmação usada contra a família homoafetiva é dar uma natureza “transviada” à relação de duas pessoas do mesmo sexo, crendo que os indivíduos não forneceriam bons modelos para a formação de uma criança. Argumenta-se que esta “má influência” seria prejudicial ao desenvolvimento destas jovens mentes.

Há os que sentenciam que o filho de um homossexual teria o mesmo comportamento afetivo sexual, ignorando aqueles que são frutos de lares heterossexuais. Com esse enunciado, nega-se outro direito aos gays: a adoção, em conjunto, de uma criança.

Os candidatos a cargos públicos devem a todos os cidadãos, no mínimo, um posicionamento claro sobre estas questões. Isso é fundamental para que a democracia possa tornar-se mais do que uma bela palavra.

Brasil, agosto de 2010

Clique aqui para assinar a petição.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Marina Silva é contra casamento gay

Candidata à presidência da república pelo Partido Verde (PV), Marina Silva afirmou ser contra o cassamento entre homossexuais. A declaração foi feita em passagem pelo Piauí.



Evangélica convicta, a candidata do PV à presidência, Marina Silva, afirmou, depois do seu primeiro comício de campanha no Piauí, que é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "A gente não pode fazer o discurso do ódio contra essas pessoas. Eu não apoio, mas a minha relação é de respeito e de não promover a discriminação" disse a candidata.


A declaração ocorreu durante passagem dela, no sábado 17, por Teresina, no Piauí. O assunto veio à tona por conta da aprovação do casamento gay na Argentina e evangélicos daquele estado queriam saber a posição da candidata.


A candidata ressaltou que a decisão sobre direitos dos homossexuais cabe ao Legislativo e Executivo.


da Redação do Toda Forma de Amor com informações também da Folha Online

Casamento gay ficará fora da campanha eleitoral no Brasil

A aprovação do casamento entre homossexuais na Argentina, nesta semana, reacendeu o debate sobre o tema no Brasil. No entanto, a questão provavelmente vai continuar fora da pauta política por aqui. Por ser considerado um tema polêmico e não prioritário, os candidatos à Presidência da República irão se manter afastados dessa bandeira durante a campanha eleitoral, segundo avaliação de políticos e analistas.

Circe Bonatelli
Agência Estado

A ex-prefeita e ex-deputada Marta Suplicy, candidata ao Senado pelo PT de São Paulo fez um elogio aos parlamentares da Argentina, que, na sua opinião, mostraram "ousadia". "Os argentinos passaram muito à frente. Eles mostraram avanço e sensibilidade à questão. Já o parlamento brasileiro parece demonstrar muita dificuldade em tratar o assunto." Quando deputada federal, em 1995, Marta foi autora do projeto de lei 1151, que visava regulamentar a união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas que nunca chegou a ser votado em plenário.



"Não creio (que o tema emplaque), porque há outros temas prioritários," afirmou. Questionada se a polêmica em torno do assunto poderia atrapalhar a campanha de candidatos que o defendessem, ela se limitou a dizer: "Qualquer tema polêmico significa ganhar votos de um lado e perder de outro".


No flanco oposto, o deputado federal Paes de Lira (PTC-SP) é um dos críticos da causa e da decisão do país vizinho. "É uma tristeza. É um retrocesso que tem sido apresentado como avanço social. É uma subversão dos fundamentos cristãos, algo terrível para uma nação católica como a Argentina". O deputado é coautor do projeto de lei 5167, de 2009, que tramita na Câmara e estabelece que nenhuma relação entre pessoas de mesmo sexo pode ser equiparada ao casamento ou à entidade familiar. "Não é homofobia, é defesa do casamento. O Código Civil já tem mecanismos suficientes para assegurar os direitos de parceria entre homossexuais," alegou.


No Brasil, o casamento entre homossexuais não é previsto por lei. Alguns Estados possuem resoluções que autorizam os cartórios a registrar a convivência estável de pessoas do mesmo sexo. O documento tem efeitos semelhantes a uma declaração de união estável, o que pode conferir ao solicitante direito à partilha de bens após separação ou óbito, por exemplo.


Lira admite que o caso da Argentina pode repercutir no Brasil, mas minimiza influência sobre as propostas dos candidatos à Presidência na atual campanha eleitoral. "O que importa é o perfil da Câmara e do Senado. Acredito que não há aporte partidário para uma possível aprovação de algo parecido. Na Câmara não passa. Eu seria um dos primeiros a me levantar contra uma proposta dessa."


Presidenciáveis - Os principais candidatos à Presidência da República já se manifestaram favoráveis ao direito à união civil de casais homossexuais. As declarações, no entanto, forem feitas apenas quando questionados, e de forma discreta. O candidato do PSDB, José Serra, já se disse favorável à união civil de gays e também à adoção de crianças por casais do mesmo sexo. "Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil que, para elas, é uma salvação," disse em 21 de junho, durante sabatina realiza pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal de internet UOL, na capital paulista.


A candidata do PT, Dilma Rousseff, também já defendeu a causa. "Sou a favor da união civil. Acho que a questão do casamento é religiosa. Eu, como indivíduo, jamais me posicionaria sobre o que uma religião deve ou não fazer. Temos que respeitar", afirmou durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 28 de junho.


Ontem, a candidata do PV, Marina Silva, também defendeu o direito da união civil, mas admitiu que, por se orientar por princípios cristãos, é contrária ao casamento gay por considerar o matrimônio um sacramento. "É preciso separar as duas coisas", afirmou. Marina disse respeitar os direitos civis dos homossexuais, como a divisão patrimonial e direitos previdenciários, mas disse não ter uma opinião formada sobre a adoção de crianças por casais gays.


Para o cientista político Oswaldo Amaral, professor da ESPM de São Paulo, o fato de a sociedade não ter uma posição clara a favor ou contra o casamento gay faz com que os candidatos se afastem de levar propostas adiante. "É uma causa espinhosa. Se o candidato abraça essa bandeira, fica mal com a outra metade da população. A tendência é ouvirmos respostas evasivas, em que o potencial de dano eleitoral é menor", avaliou.


Segundo Amaral, o tema do casamento entre homossexuais tem um pouco mais de chances de ser tratado pelo PT, onde existem coletivos de movimentos sociais, entre os quais o de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT). "Ainda assim, há posições divergentes dentro do partido", ponderou. Já na Câmara dos Deputados, avalia, o respaldo diminui entre os partidos de centro e direita. "O mosaico de opiniões é maior."