sábado, 28 de agosto de 2010

Depois do PSOL, PSTU também exibe beijo gay em horário eleitoral

Longe de nosso principal produto cultural de exportação, as telenovelas, o beijo gay começa a reinar no horário político. Tudo bem que essa notícia vem com algum atraso, mas como não ouvi comentários a respeito nos ambientes que freqüento, acredito que poucas pessoas tenham atentado para o fato, por isso decidi publicá-la agora.

Na primeira semana de horário eleitoral gratuito na televisão, com o lema de campanha "Você tem opção", o candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Paulo Bufalo, defendeu a diversidade sexual e a liberdade de escolha, e apresentou, entre outras imagens, o beijo entre dois rapazes em seu programa eleitoral do dia 18.08.



Juntos na vida real há quatro anos, o cabeleireiro Ricardo Mendonça e o dançarino Júlio Colaço aceitaram participar do programa como forma de protesto pelo fim do preconceito que existe contra a união homossexual. O episódio, claro, gerou polêmica, despertando a fúria dos homofóbicos de plantão.


Apesar disso, após o PSOL colocar o beijo gay em seu programa em São Paulo, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) decidiu mostrá-lo para todo o Brasil. Zé Maria, candidato à Presidência da República pelo partido, afirmou no seu programa do dia 26.08 que “a luta contra todas as formas de opressão é parte fundamental do programa socialista”.


Foram mostradas fotos de casais homossexuais se beijando e cartazes com dizeres como “não há socialismo sem homofobia”. De acordo com o jornal O Globo, a assessoria do PSTU contou que o beijo gay está dentro da linha do partido de propor temas para serem debatidos com a sociedade e que a luta contra a homofobia é uma das bandeiras do partido e por isso será mostrada no horário eleitoral gratuito.


Afora a importância desse tipo de atitude entre os políticos brasileiros para que a comunidade LGBT do país possa, enfim, ter igualdade de exercício de direitos com os heterossexuais, o fato é que os partidos nanicos têm que rebolar para chamar a atenção no horário eleitoral gratuito.


Com pouco tempo para que seus candidatos exponham suas idéias, é no programa deles que, muitas vezes, aparecem as propostas mais ousadas. O PSTU já vinha chamando a atenção com seu slogan. “Contra burguês, vote 16” pode não levar o candidato à Presidência Zé Maria à liderança das pesquisas, mas é bem feito, representa o que é o partido e gruda na cabeça do espectador.


Mas o PSTU mostrou que seu programa não é apenas um slogan. Arriscou, ousou e chamou a atenção. Já foram usados nessa campanha pelo partido uma foto de Bruno, o goleiro acusado do homicídio de Eliza Samudio, seguida da apresentação da candidata a vice-presidente do PSTU, Claudia Durans, falando da Lei Maria da Penha.


Essa, aliás, foi a deixa para Zé Maria explicar que o partido batalha na “luta contra toda a forma de opressão”. A foto de uma manifestação pública levada ao ar em seguida destacava outro slogan do partido: “Não há socialismo sem homofobia”. Percebia-se, então, que a manifestação era uma parada gay. Surgiu, então, uma série de fotos de beijos na boca entre dois rapazes.


Também é de se estranhar o fato de essa iniciativa partir de dois partidos de base socialista, pois, como sabemos, nos países comunistas os homossexuais são cruelmente perseguidos pelos seus governantes e, sobretudo, o PSTU, possui uma índole um tanto quanto autoritária, e não estou aqui fazendo campanha para qualquer dos dois partidos, no entanto, espero que as pessoas, após verem essas cenas, percebem que essas demonstrações de carinho entre os gays são manifestações legítimas que mostram que o estado precisa ter políticas públicas para os homossexuais e que esse debate não aparece nas campanhas por conta de um forte conservadorismo vigente e que não se pode governar um estado apenas em virtude dos princípios religiosos ou puramente ideológicos.


Bem que Gloria Perez tentou em América no ano de 2005, com os personagens Júnior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro), cuja cena de beijo gay foi escrita e gravada, mas censurada de ir ao ar pela Rede Globo, segundo os próprios atores, mas a primazia de fazer a emissora carioca exibir um beijo gay no horário nobre será para sempre do PSTU.


Se você ainda não viu os dois programas, faço clicando nos vídeos abaixo:

PSOL:





PSTU:

6 comentários:

Anônimo disse...

1 - Não confunda o dito "comunismo" das ditaduras, com o socialismo.

2 - Já leu os programas políticos do Psol e Pstu, voltados para a Diversidade Sexual?

3 - :)

Lilah disse...

Engraçado como eu não tinha parado para pesar nessa questão.
Claro que como o anônimo ai e cima diz, o socialismo passou por muitas mudanças, mas que a diersidade nunca foi uma das suas preocupações, nunca foi mesmo...rsrs
Acho importante que seja por que motio for, o fato ao menos, esteja sendo debatido.

Beijosss

Jock Dean disse...

Anônimo, comentei isso por que poucas nações de base socialista seguiram o que ele propunha, caindo sempre no âmbito do comunismo, mas gostaria de conversar mais a respeito. Gosto de entender os assuntos para poder me posicionar melhor, se estiveres disposto, podemos tentar.

Concordo com a Lilah, independente do motivo pelo qual eles decidiram colocar a questão em dicussão, acho a iniciativa importante.

Aliás, creio que deixo claro tanto o porquê da minha estranheza quanto da importância do fato no texto.

Anônimo disse...

Não confunda esses pseudo-socialismos, com a teoria marxista, ele sim imaginava um real socialismo. No entanto, nenhuma preocupação por parte desse autor se refere a diversidade. O que não acho legal é essa banalização dos conceitos feitos pela mídia, tipo o que acontece com a Homossexualidade, que é constantemente tratada como "HomossexualISMO".

Jock Dean disse...

Anônimo, por isso fiz o comentário. Embora possa não parecer, eu já fui leitor de Marx e seus conceitos não foram adotados em nenhum país socialista o que me leva a pensar que o msm ocorreria com um governo PSOL ou PSTU.
E como você mesmo lembrou, Marx via a sociedade como um todo igualitário, quando sabemos, isso é impossível. E sim, mídia banaliza valores, crenças, tradições, mais que isso, carnavaliza. A homossexualidade que é mostrada NUNCA corresponde à realidade. E nas poucas vezes que isso ocorre há censura ou dificuldade de acesso pela maioria das pessoas.

Anônimo disse...

Esses partidos de esquerda têm um programa favorável em prol do eleitorado, mas infelizmente a base política deles é frágil, como acontecia com o antigo PRONA de Enéas. No mais, o que inibe a força política desse grupo socialista é a corrupção e o "coronelismo autoritário" por parte dos grandes, como PSDB e PT, este último aliás um sangue ruim em termos de esquerdismo real.
O que falta a esses partidos é um combustível forte para fazer engrenar a sua bandeira política, que é a democracia socialista... o que infelizmente o gigantismo partidário faz com maestria e severidade política.

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