quinta-feira, 30 de junho de 2011

Como falar sobre homossexualidade com as crianças

A Justiça está acompanhando o que a sociedade tem respondido: gays e famílias formadas a partir de casais homossexuais estão conquistando seu espaço de direito. CRESCER conversou com especialistas para ajudar a você a tratar do assunto da maneira menos preconceituosa possível.

Em uma decisão inédita no Brasil, um juíz de Jacareí (SP), converteu a união estável de Sérgio Kauffman e Luiz André Moresi em casamento nessa segunda-feira (27/06). O fato foi consequência de outra decisão anterior: no dia 05 de maio desse ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade à favor da união estável de homossexuais, o que garante aos gays o direito de adoção, herança, plano de saúde compartilhado e pensão.

Tudo mostra que a sociedade brasileira caminha em direção ao respeito à diversidade sexual. Mas como agir quando o seu filho vê um casal gay na rua ou na televisão e questiona o por que de duas pessoas do mesmo sexo juntas? E como fazer com que essa não seja mais uma questão para as crianças e seja encaradada de forma mais natural?

A tendência é que os pais passem para os filhos os seus valores. Ou seja: casais preconceituosos provavelmente irão transmitir isso aos filhos”, afirma Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP).

Cada vez mais, pessoas homofóbicas têm seus valores questionados. Da polêmica causada pelo deputado Jair Bolsonaro aos beijos proibidos nas novelas, passando pelo destaque da Parada do Orgulho Gay em São Paulo todos os anos, o assunto não está mais atrás do armário.

Ensinar o respeito ao próximo, assim como outras regras em geral, deve ser uma obrigação dos pais, acredita a psicóloga Ana Lúcia Castello. “A estrutura familiar mudou", diz Ana Lúcia. "Hoje não é mais necessariamente um casal com filhos. As pessoas precisam estar abertas a isso.” Portanto, se você tem algum preconceito, precisa se atualizar.

Mas mesmo para as famílias que tenham isso mais bem resolvido este pode ser um assunto delicado. Tanto a presidente da ABP quanto a psicóloga afirmam que os pais devem falar sobre homossexualidade com as crianças na medida em que a curiosidade delas aparecer. Ou seja: responda somente aquilo que seu filho perguntar, sem explicações mais aprofundadas. E não se surpreenda se a primeira pergunta acontecer bem cedo.

Além disso, afirma Ana Lúcia, a discussão sobre homossexualidade deve estar inserida em um contexto maior, o de educação sexual. “Essa é uma maneira de tratar o assunto da maneira correta: com naturalidade”, afirma a psicóloga. Porque a questão que vem antes do sexo é uma só: individualidade. São pessoas, acima de tudo.

Se ainda tiverem dificuldades de como conversar, a escola pode ser um grande aliado. Ela participa ativamente da educação do seu filho e é um espaço importante de convivência, perfeito para se exercitar o respeito às diferenças. Mesmo as crianças que venham com valores preconceituosos de casa, aliás, podem reverter esse quadro no espaço escolar.
 
Texto extraído da Revista Crescer

Nota do blogayro:

Percebo que muitos pais/famílias estão abrindo mão do seu papel de educadores, delegando esta função às escolas, no entanto, é dever da escola instruir. Educação, no seu sentido mais pleno, é algo que vem de casa. Tem haver com valores e não só conhecimentos. E são esses mesmos pais que impedem as escolas de discutirem temas importantes para a formação da criança como cidadão conhecedor dos seus direitos e, sobretudo, deveres.

Drogas, sexualidade, homossexualidade são temas considerados tabus tanto em casa quanto na escola. Acontece que em algum momento esse jovem em formação terá essas curiosidades. Ele irá perguntar a alguém, buscar em algum lugar. Devemos mesmo correr o risco de deixá-los aprender sozinhos e equivocadamente ou vamos assumir nossa responsabilidade de educadores e permitir que eles tenham acesso a informação adequada?

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