quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Estou assim

Não houve engano algum. Eu entendi muito bem o que você disse. Não houve engano algum. Absolutamente, você foi tão clara. Suas palavras ainda ardem na memória e aquele fogo ainda queima o coração.
(Marina Lima – Arquivo II)



“Marina, Marina morena, você me pintou”. Se o saudoso Caymmi, da imponência do seu assento etéreo, me permitir, gostaria de usar seu verso para falar de outros versos de uma outra Marina, também morena, mas carioca, cuja voz rouca ronda minha mente como espírito obssediador me cantando coisas em meio ao turbilhão de trilhas de musicais que ganham vida com os timbres teatrais de Barbra Streisand, Liza Minnelli, Indina Menzel, Kristin Chenoweth, dentre tantas outras que tenho ouvido nos últimos tempos.

Marina, a Lima, apesar do alto volume dos meus fones de ouvindo, consegue-se sobrepor a todas elas martelando minha cabeça como o tique-taque do relógio que bate depois da meia-noite quando o silêncio sensibiliza ainda mais os ouvidos e nos faz perceber o mais baixo dos sons, me dizendo coisas que nem sempre quero ouvir e, vencido, acabo buscando com urgência seus CDs que me fazem querer partir, poder ficar sem nexo e em qualquer lugar.

Seus versos, provérbios, prenúncios, profecias, de sua autoria ou apenas cantados por si me perseguem, torturam e regojizam e me dizem coisas como:

“E me apaixonam questões ardentes que nem consigo assim de repente expor.”

“Olhei pro amanhã e não gostei do que vi. Sonhos são como deuses, quando não se acredita neles deixam de existir.”

“Tempo vai passando, mas às vezes passa e ainda fica atrás daquela mal contada história de amor.”

“Eu podia ser mais forte se quisesse.”

“Eu não sei mais quem eu sou e o que pretendo.”

“Se o que acontece não segue a regra, será a vida em vão?!”

“Acreditar. Não posso acreditar como alguém tão livre se deixe escravizar. Desistir como se fosse só deletar.”

“Estou assim: com o sangue estancado na veia.”

“Só dias seguindo quando é frio em meu coração.”

“Quero acreditar que no fundo do amargo tem uma gota doce.”

“Um coração cansado de sofrer e de amar até o fim. Acho que vou desistir.”

“Minha vida absurda e a terra a girar. Quem escuta o meu sim?”

“É porque eu não quero que nada aconteça. Deve ser porque eu não ando bem da cabeça ou eu já cansei de acreditar.”

“Às vezes fujo pro meu pedestal e faço tudo pra não cair, mas quando eu desço eu desço tão mal. Do que me adiante fugir?”

“À beira do abismo, queira ou queira, estamos prestes a voar.”

“Os passos que não dei ainda virão em outra direção.”

E ainda há tantos outros...

2 comentários:

Tuka disse...

Bom dia meu amigo querido, meu sobrinho do coração!!
Adorei seu post, você escreve com a alma.
Parabéns.
Beijos.
TUKA!!

Jardel Barros disse...

Interessante teu Blog, deveras. Há um twitter que gerencio, chamado @marina_versos, cujo propósito é esse: disseminar os versos marináceos. Sigam!

PS: Tenho um Blog sobre MPB: www.mpbemonos.blogspot.com

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