sexta-feira, 16 de julho de 2010

A relação entre o casal gay e a criança adotada

Esta semana toda a imprensa nacional noticiou o projeto de lei que, se aprovado pelo Congresso Nacional, proibirá os casais homoafetivos de adotar crianças. Eu, claro, sou contra! Sobre o tema, eu achei um texto bem interessante na internet que compartilho com vocês agora. Boa leitura!
Entrevista concedida por Paulo Bonança* ao Jornal O SEXO (RJ)

Pode acontecer de uma criança adotada por um casal gay ser homossexual devido ao convívio?
Seria muito difícil poder afirmar que uma criança adotada por um casal gay venha a ser gay devido ao convívio. Seria o mesmo que afirmar que filhos de héteros serão héteros devido ao convívio com os pais héteros.
Como o casal homossexual deve encarar a relação com o filho adotado?Em primeiro lugar não centralizando a relação com o filho na orientação sexual dos pais. Se a orientação sexual dos pais não estiver bem trabalhada por eles, a insegurança pode ser transferida ao filho.

Em um casal hétero, os pais se beijam na frente dos filhos. Com um casal gay o comportamento poderá ser o mesmo?
Existem pais que se sentem cômodos se beijando na frente dos filhos, alguns vão a praia nudista com os filhos e caminham de roupa intima dentro da casa, já outros não se sentem cômodos com estas situações. Cada família é “um mundo em constante movimento”. Caberá aos pais decidir se eles se sentem cômodos ou não se beijando na frente do filho, o importante é não “forçar a barra”, nem para um lado nem para o outro.

Como os pais adotivos devem proceder quando a criança rejeita os pais por eles serem gays?
Interessante a sua pergunta, na minha pratica clínica já escutei muitos relatos de pais que abandonaram ou discriminaram os filhos por eles serem gays, mas até hoje nunca escutei de um filho que tivesse rejeitado o pai ou a mãe.
Qual a faixa etária ideal de uma criança ser adotada por casal gay?Não existe idade para se entregar e receber amor e cuidados, e não se espera ser amado para amar.

O senhor acredita que os testes psicológicos aplicados pelo Juizado de Menores conseguem realmente diagnosticar se o casal tem condições de conviver com o filho adotado?
Creio que os testes, as entrevistas, a busca de informação sobre o casal é necessária e importante em todos os casos, afinal é uma vida que esta sendo entregue aos cuidados de um casal. Ninguém pode afirmar com 100% certeza, mesmo com as avaliações, que esta criança estará protegida e bem cuidada, mas penso que este procedimento é parte importante de qualquer processo de adoção, seja por héteros ou gays.

O senhor recomenda que o casal que quer adotar ou adotou faça acompanhamento psicológico?
Se o casal tem dúvidas sobre o tema ou está inseguro de como tratar a criança, penso que o acompanhamento de um psicólogo poderia ser útil. Com respeito à criança não temos porque patologizar a situação. Diariamente crianças vão ao psicólogo, isto independente da orientação sexual dos pais ou de serem adotadas ou não. Cada caso é um caso e deve ser observado com critério, sem patologizar a situação, mas também sem negá-la caso seja necessário o acompanhamento de um psicólogo.

Como os pais devem encarar o preconceito existente nas escolas e no dia a dia?
Infelizmente, o preconceito e a discriminação podem vir a alcançar as crianças. Frente a isto creio que manter os canais de comunicação abertos é fundamental. Dizer ao filho que eles estão dispostos e disponíveis a conversar sobre o tema e a responder as dúvidas que ele possa vir a ter. Que a orientação sexual deles não é algo tão importante, mas que para algumas pessoas pode ser. Isto ocorre porque elas não sabem, elas não entendem o que é a homossexualidade.
Escolas, empresas, comunidades entre outros estão preparados para encarar de frente um casal homossexual junto ao seu filho?
A adoção de uma criança por um casal homossexual , como tema social é algo novo, talvez a sociedade como um todo e as instituições em particular não estejam preparadas, mas a vida é feita de desafios.

O senhor acha que o casal deve omitir da criança adotada que é gay?
Omitir que é gay é instalar um segredo dentro do convívio familiar, é negar uma situação que pode ser obvia, é negar os avanços sociais que levaram o casal a possibilidade de adotar esta criança, é colocar a homossexualidade dos pais dentro de um contexto obscuro. Talvez antes de negar ou afirmar algo, seja melhor averiguar o que a criança já sabe e o que pensar sobre a situação.

*Paulo Bonança é Psicólogo e Sexólogo. Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile. Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”. Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana)
www.paulobonanca.com paulopsi2000@yahoo.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

que bom

Anônimo disse...

Não Vejo nenhum problema em casais homossexuais adotar crianças ,acredito eu que é o melhor a se fazer , Afinal o preconceito quem faz é a própria socidade.

Anônimo disse...

É legal e gosto, porque a viadagem está no papo. Preconceito tem que ir para o espaço e os homofóbicos precisam se preparar!

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