quarta-feira, 19 de maio de 2010

Cortejos marcaram o domingo em Alcântara


Jock Dean
Enviado especial


O chamado “Domingo do Meio”, ontem, em Alcântara, foi marcado por uma série de cortejos em diversas ruas da cidade logo no início da manhã. As louvações ao Divino começaram ao raiar do sol, quando, acompanhadas pelos toques das caixeiras, bandeiras e pelos músicos, as comitivas dos mordomos e do Império percorreram as ruas convidando todos a seguirem para a Igreja do Carmo, onde foi realizada uma missa solene. No sábado (15), à noite, foi a vez da mordoma-régia visitar a Imperatriz logo após a ladainha, realizada também na Igreja do Carmo.



O “Domingo do Meio” é o anterior ao Domingo de Pentecostes. Nesse dia, às 9h, imperatriz, mordomos e os demais participantes do festejo assistem à missa para em seguida irem até a casa da mordoma-régia para uma festa, pois esse é o seu dia. Depois, todos saem para visitar cada um dos mordomos até o último, ficando o mordomo-régio em sua casa.
A imperatriz, Maria do Carmo Santos Macêdo, suntuosamente bem-vestida de um longo e pomposo vestido cor-de-rosa ricamente bordado, segue pela cidade acompanhada por suas aias (damas de companhia) e um vassalo, tendo, à sua frente, o estandarte vermelho, símbolo do império, e os mordomos que usam ternos escuros, à caminho da casa da mordoma-régia Conceição Lobato Sousa. Ao lado, a Imperatriz, suas duas aias e o vassalo.

“Apesar de muita gente dizer que a tradição está acabando, é sempre uma felicidade muito grande ser escolhida para representar o Império. Muitas meninas que crescem em famílias que cultuam esse ritual desejam participar da realeza”, disse a Imperatriz.


Para a mordoma-régia, receber a visita do Império é um dos momentos mais marcantes do festejo. “As visitas tornam-se um dos rituais mais movimentados da festa quando o cortejo sai pelas ruas de Alcântara e é acompanhado por uma multidão de fiéis e admiradores. Simbolicamente, é o cumprimento de uma frustração da história da cidade que teve anunciada a visita do Imperador Dom Pedro II, mas isso nunca se concretizou”, explicou.


Na casa da mordoma-régia, o cortejo, formado pelo Império e fiéis, encontrou uma recepção com farta mesa de doces, chocolate grosso e licores de jenipapo, maracujá, murici, goiaba, entre outros. Entre os doces havia os tradicionais "doces de espécie" (uma especialidade de Alcântara, cuja receita é transmitida de geração a geração) feitos de massa de trigo, ovos e manteiga com recheio de doce-de-coco.


Pentecostes - De hoje até o Domingo de Pentecostes (23), o Festejo do Divino Espírito Santo segue com vasta programação em Alcântara. Na semana que se segue, durante todos os dias, deve haver uma ou duas festas, dependendo da quantidade de mordomos, pois cada um deles deve visitar o imperador por pelo menos 4 horas, começando às 22h.


De hoje até quinta-feira, acontecerão ladainhas na Igreja do Carmo sempre às 19h30. De terça-feira à sexta-feira, os mordomos visitarão o Império a partir das 21h sempre em cortejos acompanhados pelas caixeiras sob a luz de lanternas coloridas. Na sexta-feira, um boi brabo, com chifres enfeitados de flores e ramagens, seguro por longas cordas e acompanhado pelas caixeiras, percorrerá as ruas da cidade, assustando as pessoas. É o ritual da subida do boi. No dia seguinte, o animal será sacrificado, e serão distribuídas esmolas aos idosos.

No dia de Pentecostes, haverá missa solene na Igreja do Carmo e passeata do cortejo pelas ruas, retornando à Casa do Divino, e procissão com a Coroa do Divino, retornando à Igreja do Carmo, encerrando com a leitura do peloro com os nomes dos novos festeiros para 2011.

Esta matéria foi publicada na edição do dia 17.05 do Jornal O Estado do Maranhão e as fotos são de Douglas Júnior.

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